terça-feira, 25 de julho de 2006

Obedeci

Mudou tudo... Passei um tempo me adaptando à nova realidade... Passei um tempo de mudança, mas cheguei aqui e descobri que aqui é meu lugar. Ele me mandou voltar a escrever com o seguinte texto:
"[...] Você só tem que escrever se isso vier de dentro pra fora, caso contrário não vai prestar, eu tenho certeza, você poderá enganar alguns, mas não enganaria a si e, portanto, não preencheria esse oco. Não tem demônio nenhum se interpondo entre você e a máquina. O que tem é uma questão de honestidade básica. Essa perguntinha: você quer mesmo escrever? Isolando as cobranças, você continua querendo? Então vai, remexe fundo, como diz um poeta gaúcho Gabriel de Britto Velho: 'apaga o cigarro no peito / diz pra ti o que não gostas de ouvir / diz tudo'. Isso é escrever. Tira sangue com as unhas. E não importa a forma, não importa a 'função social', nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. Mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. Você não está com medo dessa entrega? Porque dói, dói, dói. É de uma solidão assustadora. A única recompensa é aquilo que Laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. Essa expressão é fundamental na minha vida.
[...]
Remexa na memória, na infância, nos sonhos, nas tesões, nos fracassos, nas mágoas, nos delírios mais alucinados, nas esperanças mais descabidas, na fantasia mais desgalopada, nas vontades mais homicidas, no mais aparentemente inconfessável, nas culpas mais terríveis, nos lirismos mais idiotas, na confusão mais generalizada, no fundo do poço sem fundo do inconsciente: É lá que está o seu texto".*
Eu obedeci!
Tô de volta...
*Caio Fernando Abreu (Sempre...)
________________________
Nos ouvidos: A Viagem - Vanessa da Mata
Suspenderam a viagem
Fui parar em outro trem
Que beleza de paisagem
Vamos rumo à Belém
Agora que é tempo
Colher fruta madura no vento
Piqui não sai do meu pensamento
Bacia cheia de manga bourbon
Nasce um sol, nasce uma noite
e um menino também vem
Que beleza de paisagem!
É meu filho e passa bem
Agora é tarde
Não dá pra adiar a viagem
João tem 3 anos de idade
Não quero merecer outro lugar
Volto quem sabe um dia
porque os trilhos já tiraram do chão
olho as tardes, vivo a vida
Nada é em vão!