quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ser feliz exige coragem

Olha, eu preciso que você acredite, você aí, que tá triste, abatido, deprimido, eu preciso que você acredite porque eu falo isso com conhecimento de causa e é verdade: VAI PASSAR! Seja lá o que foi que fizeram com você, que peça a vida pregou, que rasteira, que puxada de tapete, que porta na cara, que motivo de desesperança você tenha, o que levou a perder a fé, seja o que for que faça seu peito latejar numa dor que parece não ter fim, acredite: vai passar! A gente não sabe em que momento exato isso acontece, a gente não consegue antever nem sentir a transformação que vai acalmando tudo aos pouquinhos. A gente não sente a dor se esvaindo, desaguando para fora da gente. E tem até uns casos de quem se acostuma ao sofrimento de maneira tal, que mesmo em face de uma possibilidade de felicidade, se acovarda e se esconde, permanecendo no escuro de si justamente porque é lugar quente e conhecido. Mas até para estes casos, dos que se acomodaram na dor, eu afirmo: Vai passar!

Um dia qualquer, numa quarta-feira comum, no meio do trânsito infernal da hora do rush, sem querer, você se dá conta de que aquele quentinho no coração voltou, de que há uma paz ao seu redor, e de que há um sorriso tímido nos lábios, daqueles que tentam esconder a tonelada de felicidade que inunda o que há por dentro. Assim, sem que você se dê conta, a alegria de viver volta como ondas de uma maré enchendo, cada vez mais perto da sua costa, até que exploda nas pedras de contenção e inunde toda sua rua. A enchente da maré é inescapável e a força das ondas também e elas sempre nos alcançam e não é possível saber de antemão o tamanho do impacto e do alcance. O que se sabe, por certo, é que vai nos alcançar, nos acertar e nos derrubar e qualquer resistência, fuga, medo, parede de contenção, muralha, escudo, arma, não poderá impedir, nem conter, nem evitar.

O tempo é aliado da felicidade e juntos eles trazem as respostas para todas as desilusões que sofremos. As coisas se encaixam em algum momento e, do nada, num dia qualquer, a gente tem essa visão. Não que se deixe de sofrer pelo que se perdeu, pelo que se foi, pelo que não se alcançou e que se queria muito. Não que se esqueça, não que se apague a nostalgia do que foi embora para sempre. Não que não se lembre dos sonhos frustrados e das expectativas de tantos momentos felizes que foram construídos. Todavia, chega uma hora em que a gente olha para as teses apresentadas e entende a conclusão. A gente observa os pressuposto e vê um argumento lógico. A gente entende, não por resignação, mas por consciência de que as coisas surpreendentemente se assentaram.

Da mesma forma que fomos surpreendidos por peças traiçoeiras, o somos também por doces surpresas. E o coração da gente é bicho besta para surpresas agradáveis. Ele amolece, ele enternece, ele derrete. E, mesmo que seja um deslumbramento depois de tanto tempo no escuro, a gente se pega surpreendido admirando a lua e o céu, a gentileza das pessoas, um arco-íris, uma gargalhada, um bom filme, um café quente com pão de queijo, um queijo coalho com doce de leite recheando uma tapioca, uma mão que segura a mão, uma palavra de carinho numa manhã chuvosa, um abraço apertado de quem se quer bem. E, diante desses acontecimentos tolos, corriqueiros, a gente sorri profundo porque é o coração que está sorrindo também.

Haverá ainda adaptações, dissabores, vida ordenando maturidade, cobrança das responsabilidades assumidas e medo. Mas saiba - você pode até não acreditar nesse momento, pela dor que embaça a vista, pelo coração partido, pelo que impede o ar de entrar nos pulmões - que essa transformação ocorre e é uma delícia sentir. E quando essa paz, que só a felicidade é capaz de provocar, se hospedar no seu peito, você entenderá que a gente tira de cada fundo do poço nossas maiores lições. Somos, sim, capazes de sobreviver a todas as devastações e cataclismas e piores momentos. Somos, sim, capazes de sobreviver quando nossos piores pesadelos, maiores medos se tornam reais e se instalam na nossa vida.

Diante da sua superação inequívoca, e diante do calor que emana no seu peito, diante do sorriso estampado nos lábios, uns poucos acharão você leviano, uns outros sentirão felicidade ao assistir a sua, uns outros afirmaram que  é falsa e condicionada a drogas pesadas e de uso controlado, outros dirão que utopia, acomodação, desprendimento. É a cômoda e fácil opção dos que não entendem direito como se pode ser capaz de sentir de novo depois de sofrer tanto.

Uma vez vivida toda essa transição, uma vez superado o pior momento da vida, você saberá que ser feliz exige coragem. Coragem para se jogar, para sentir, para sonhar, para tentar de novo mesmo que o mundo pareça um não. Coragem para partir para guerra, enfrentar a luta, preparar a guarda, abandonar o medo, o preconceito, a ansiedade, a expectativa pela aceitação dos outros. É preciso coragem para meter as caras, arriscar e, então, tudo acontecerá baixinho dentro de você. Abandone os métodos aprendidos em anos de vida normal, abandone as teorias, os planos, os sonhos de antes, abandone a insegurança, a perspectiva da decepção. É preciso ter CORAGEM! Quando chegar a hora de guerrear pelo que manda o coração, seja forte, prepare todas suas reservas, e lute. Porque a gente não tem garantia de nada, não tem contrato de permanência, não tem prazo, não tem cronograma predeterminado, mas a gente sabe que o objetivo final é tão-somente ser feliz.

11 comentários:

O Divã Dellas disse...

Marcele,
Você se superou!
Belíssima explanação.
AMEI!
Cinthya

http://odivaadellas.blogspot.com

Anônimo disse...

Texto lindo... Você expressa as palavras como ninguém! Amo vir todos os dias ao blog e aprender com você.

Um abraço,

Nadja Cortes disse...

Olá!

Acompanho seu blog à distância e, embora nunca tenha comentado, acho admiráveis sua atitude, sua visão de mundo e, agora mais que nunca, sua coragem.

Parabéns e fica a sugestão: lance um livro!

Beijo,
Nadja Cortes (Arujá-SP)

Lílian Holanda disse...

"A felicidade era como as nuvens que se transformavam a cada momento. Ora reluzia como ouro, ora ficavam acinzentadas; nunca permaneciam num mesmo estado por muito tempo. O tempo ensolarado era um mero capricho, um gracejo."
(Katayama)

Isabelle disse...

...Vai passar,amém!

Adorei o texto :)

beijos

S. disse...

vc salvou meu dia, flor! beijão!

Nana disse...

Ainda bem q passa ne?!
E o melhor é olhar pra trás e ver q superamos mais uma!!!
Bj e fik c Deus.
Obs: Estamos com um projeto de posts coletivos chamado Projeto 10 em 10. A intenção é que fazer 10 fotos, em 10 horas diferentes do seu dia, colocar tudo junto e publicar.Tá a fim de aderir no próximo mês?!

Anônimo disse...

Tudo que eu precisava hoje....

Vai passar...eu sei..

Débora disse...

Você realmente escreve belissimamente bem....

Espero que passe e logo......

:)

Bjão.

Débora.

Anônimo disse...

Sem sombra de dúvidas, o mais belo post desse blog até hoje!!!

Muito obrigada por escrever tudo que eu precisava escutar. Vou imprimir para ler todos os dias.

Beijos!

Raquel Duarte

Debby disse...

Olá Marcele vi seu blog pelos 3 mosqueteiros.
E hoje navegando mais por aqui achei esse post que bate um pouco com um momento que esotu vivendo e com fé em Deus vai passar.
Confortou e esperançou mais a minha alma tristinha.

Bjs
Debby :)