terça-feira, 30 de novembro de 2010
Metalinguagem
Quando dói muito, eu escrevo compulsivamente. Eu fico pensando, sentindo tudo revirado por dentro e acabo escrevendo para me compreender, para me perdoar, para me conhecer. Escrever me faz bem, me é terapêutico, me faz reconhecer o que dói, o que eu aguento, o que eu quero... Escrever me permite colocar as coisas sob uma perspectiva melhor de ser vista, mais distante, mais tranquila. Eu escrevo remoendo, repensando, revivendo até. Escrevo porque não cabe aqui dentro, porque é explosivo, porque é erupção. Escrevo quando é insuportável, quando simplesmente não consigo calar ou refletir sozinha. As palavras saem de mim como se psicografadas, em uma rapidez nada contemplativa ou reflexiva. Vêm de supetão. E, quando dou por mim, já enchi a tela branca inteira. Escrevo somente sobre o que sei, sobre o que sinto, sobre meu olhar, sobre o que interiorizo do mundo e das pessoas que me cercam. Escrevo somente aquilo que vejo e aquilo que pulsa, que reverbera dentro de mim. Não há objetivo algum, não há pretensão messiânica, não há o desejo de mudar o mundo. Escrevo por e para mim. Ato egocêntrico, egoísta até. Ato desvairado e, muitas vezes, incompreendido. Ato que, vezenquando, faz com que surjam pedras nas minhas vidraças, dedos apontados para minha cara, e um disse-me-disse sem fim. É um preço até pequeno pelo bem que me faz, pelos amigos que me trouxe, pela compreensão de mim mesma que alcanço nesse processo de exorcismo. Eu escrevo porque é o que eu sei fazer para lidar com meus dilemas, minhas dores, meus amores. Eu escrevo porque eu tenho afeição por palavras, pelas singelezas que elas são capazes de produzir. Escrevo porque é registro, porque é eterno, porque é marco no meu processo de amadurecimento. E quando dói demais, eu escrevo.
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6 comentários:
Escreva, escreva muito, como você disse - "é terapêutico". Ponha para fora suas dores e mazelas para que sobre lugar para os sonhos bons.
Que bom que vc tem essa forma de externar seus sentimentos. E assim se sentir mais leve.
Um abraço
Cele,
dói demais né?
mas, eu quero acreditar que um dia a gente vai superar...hj faz 8 meses q meu marido sofreu o acidente, ms ele ainda sobreviveu um pouquinho. eu choro e lamento nas duas datas...e qdo li sobre o q aconteceu com a Ju, me derramei de novo.
Bjs
Lu.
Vai ter confraternização de natal este ano???
Lílian Holanda
Como vc mesma disse: " eu escrevo porque eu tenho afeição pelas palavras."
Marcele, eu e acredito que muitos aqui também a lêem porque tb tem afinidade por essas palavras que vc coloca tão bem.
Nunca havia escrito aqui, mas sempre leio seu blog, vc de tanta afeição escreve e externa os sentimentos muitíssimo bem.
Muita força e felicidade!!
Beijos,
Isabelle
Até acontecer o que você sabe, eu nem sabia que eu sabia escrever (creio que não sei, apesar de alguns dizerem que sei rs).
Eu comecei porque sabia que ninguém mais aguentava meu disco furado sobre o mesmo assunto: Dor, perda, amor, saudade, filho orfão, rombo no lugar do coração, talvéz isso seja a minha fuga, talvéz não..
Mas a impressão que tenho é que além de aplacar a dor, ele se perpetua nas minhas palavras...
Paz e Luz
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