quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Overpensamento

Momentos em que eu peso a vida inteira e minhas escolhas. Momentos em que eu vejo o meu caminho e o horizonte. Momentos em que eu reflito sobre o porquê de estar aqui e de merecer tantas coisas boas. Há momentos em que dá vontade de correr pra barra da saia da mamãe e, em outros, a vontade é de correr para o mar e me jogar nas coisas. Dá vontade de pular de alegria, de rir até escorrerem as lágrimas e também dá vontade de chorar. Tenho vontade de afogar minha cabeça num colo tranquilo e receber cafuné, mas também de abusar da volúpia morena das minhas ancas. Tenho meus momentos de ansiedade, em que esfolo minhas cutículas e faço o sangue escorrer dos cantinhos das unhas. Tenho momentos de agitação, em que não consigo parar quieta e minha cabeça gira a 5000 rpm, soltando fumaça e me impedindo de dormir. Tenho, contudo, meus momentos introspectivos, em que meu melhor amigo é meu próprio umbigo, em que só eu mesma consigo resolver minhas equações. Tenho momentos de multidão, de aglomeração e de simpatia. Tenho momentos de mulherzinha, dona-de-casa, cozinheira, mãe de família. Momentos de profisssional, independente e feminista. Tenho meus momentos revolucionária à cubana e de consumista e burguesa. Eu sou uma ambiguidade coerente, eu sou um retrocesso vanguardista, sou uma libertação coercitiva, sou uma explosão discreta, sou uma confusão ensimesmada. Eu sou tudo e não sou nada.

2 comentários:

candice disse...

tão paradoxal eu sou também. mas o que esperar de uma canceriana com ascendente em leão e lua em aquário?

identifiquei-me, especialmente, com o 'retrocesso vanguardista'.

beijos, Cele.

Idê Maciel disse...

Tenho uma poesia com o mesmo final: "sou tudo e não sou nada." Por que será que perdi o gosto bom de escrever?...Mesmo sobre as mais bestas besteiras, sobres as tolas amenidades???