Ela* falou que era sortuda. Ela* falou de um tipo de sorte que nem todo mundo percebe. Ela* falou das pequenas coisas, do cotidiano, de detalhes bobos e imperceptíveis para muitos, mas que, aqui dentro, fazem toda diferença do mundo.
É sorte ver seu filme preferido passar justamente na hora que você não tem nada pra fazer e apenas zapeava a televisão. É sorte chegar à parada no exato momento em que o ônibus passava. É sorte cair na prova aquele único tópico da matéria que você estudou. É sorte um bilhete premiado, ganhar no bolão da firma, acertar o placar do jogo do timão, achar dinheiro no chão...
Tem gente que não acredita em sorte, e eu, que não tenho fé nenhuma, acredito piamente, com os pés juntinhos e ajoelhada no chão, que cada um tem o que merece. Você pode chamar do que quiser, mas, pra mim, o nome correto é FELICIDADE, porque, às vezes, o jogo vira e a sorte vai embora. Mas a felicidade depende só da maneira que você enxerga a vida que tem.
É felicidade acordar com beijo na boca e cafuné, com menino serelepe gritando mamãe. É felicidade ele trazer café pra você na cama, com pão com um montão de manteiga e café sem leite, do jeito que você gosta. É felicidade ouvir seu filho correr pra você, de braços abertos e sorriso no rosto. É felicidade ter um montão de amigos que se preocupam, participam, torcem, vibram e estão ali para o que der vier. É felicidade ter uma família que, apesar de todos os problemas porque passou, apesar das diferenças de gerações, de gêneros, de gostos, de projetos, se ama e se entende. É felicidade dormir de conchinha, sentir o filho mexer, chorar na festa do Dia das mães, sentir o carinho de quem mora longe, ser convidada pra ser madrinha de casamento da grande amiga, ter gente querida na comemoração do seu aniversário, ser lembrada por alguém quando toca tal música ou quando se lê tal coisa. É felicidade ter pra quem ligar quando se quer chorar ou repassar fofoca quente, ter com quem sair quando o marido está de plantão, ter pra quem correr quando a grana fica curta, ter filho saudável e esperto, ter amigos e um marido que são bem mais do que se pediu.
Felicidade é estar aqui nesse momento, vivendo tudo isso, mesmo que haja dívidas no final do mês, mesmo que haja pobreza no país, mesmo que não dê pra fazer a viagem dos sonhos, mesmo que não se chegue ao lá tão premeditado, mesmo que haja derrotas pelo caminho, mesmo que não seja fácil. Porque há dores, há decepções, há momentos tristes dos quais não vamos querer nos lembrar, há lágrimas, há desilusões, há perdas (de coisas e de pessoas queridas)... Mas têm muito mais valor o sorriso congelado naquela foto de formatura (ou de casamento ou de aniversário) e aquelas pessoas que estão ao redor de você nas fotos do álbum do que as pedras (inevitáveis) que surgem pelo caminho.
* Milena Gouvêa do Blog da Milena (http://blogdamilena.blogspot.com/)
segunda-feira, 19 de maio de 2008
terça-feira, 13 de maio de 2008
"Inferno Astral"
Foi um piscar de olhos. A gente cresce rápido demais, a gente entra neste rojão que é a vida adulta sem se dar conta e, pluft, estamos aqui, recebendo parabéns pelo dia das mães, com um menino correndo ao redor e outro na barriga, às vésperas de completar 26 anos, feliz no superlativo máximo possível.
Lembro que me diziam, aos 15, que após essa idade a vida corria demais. Esqueceram, porém, de explicar o porquê. A fase do “esquema escola-cinema-clube-televisão” chega ao fim, honey, e a gente passa a se preocupar com que vai ser quando crescer, com o vestibular, depois, com estágio, com farra e namorados, depois com emprego e vêm o casamento e os filhos e preocupações de contas, boletos, impostos, empregada, prestações, escola... Foi mesmo um piscar de olhos!
Parece que foi ontem que eu sentei no batente embaixo da pia da cozinha e fiquei conversando com minha mãe sobre coisas que uma menina de 5 anos reflete sobre o mundo. Parece que foi ontem que fiquei de mal da vizinha porque ela queria que a boneca dela usasse as roupas da minha Barbie. Parece que foi ontem aquela estada no estrangeiro e aquela mala cheia de ursos de pelúcia que fazem hoje a alegria do Matheus. Parece que foi ontem que me inscrevi no concorrido vestibular de uma universidade pública e trêmula, sem comer nada o dia todo, na iminência de desmaiar por hipoglicemia, às 5 da tarde, vi meu nome na lista de aprovados. Parece que foi ontem aquele show naquela praia. Parece que foi ontem...
E o tempo passa sem que a gente se dê conta. Os ponteiros dão voltas inesgotáveis no relógio e a vida da gente vai sendo construída como resposta às atitudes que tomamos. Hoje, vejo ao meu redor um mundo tão sonhado que, às vezes, no alto da minha ignorância ou descrença ou carência ou insegurança, me pergunto se é real, me pergunto se o mereço, me pergunto se é pra mim... Às vezes, fecho os olhos e, sem fé, sem crer, agradeço a qualquer coisa por me deixar ser feliz. Agradeço aos invejosos, aos despeitados, aos fofoqueiros que, bem ou mal, falam de mim. Mas, principalmente, agradeço às pessoas que nos querem bem (NOS, porque depois que nos tornamos uma família nada mais é singular) e comungam e compartilham essa alegria conosco diuturnamente.
Pois bem. Dizem que o período que antecede o natalício é o nosso inferno astral. Pois eu digo: se o inferno astral é assim, imaginem o paraíso!!!
Lembro que me diziam, aos 15, que após essa idade a vida corria demais. Esqueceram, porém, de explicar o porquê. A fase do “esquema escola-cinema-clube-televisão” chega ao fim, honey, e a gente passa a se preocupar com que vai ser quando crescer, com o vestibular, depois, com estágio, com farra e namorados, depois com emprego e vêm o casamento e os filhos e preocupações de contas, boletos, impostos, empregada, prestações, escola... Foi mesmo um piscar de olhos!
Parece que foi ontem que eu sentei no batente embaixo da pia da cozinha e fiquei conversando com minha mãe sobre coisas que uma menina de 5 anos reflete sobre o mundo. Parece que foi ontem que fiquei de mal da vizinha porque ela queria que a boneca dela usasse as roupas da minha Barbie. Parece que foi ontem aquela estada no estrangeiro e aquela mala cheia de ursos de pelúcia que fazem hoje a alegria do Matheus. Parece que foi ontem que me inscrevi no concorrido vestibular de uma universidade pública e trêmula, sem comer nada o dia todo, na iminência de desmaiar por hipoglicemia, às 5 da tarde, vi meu nome na lista de aprovados. Parece que foi ontem aquele show naquela praia. Parece que foi ontem...
E o tempo passa sem que a gente se dê conta. Os ponteiros dão voltas inesgotáveis no relógio e a vida da gente vai sendo construída como resposta às atitudes que tomamos. Hoje, vejo ao meu redor um mundo tão sonhado que, às vezes, no alto da minha ignorância ou descrença ou carência ou insegurança, me pergunto se é real, me pergunto se o mereço, me pergunto se é pra mim... Às vezes, fecho os olhos e, sem fé, sem crer, agradeço a qualquer coisa por me deixar ser feliz. Agradeço aos invejosos, aos despeitados, aos fofoqueiros que, bem ou mal, falam de mim. Mas, principalmente, agradeço às pessoas que nos querem bem (NOS, porque depois que nos tornamos uma família nada mais é singular) e comungam e compartilham essa alegria conosco diuturnamente.
Pois bem. Dizem que o período que antecede o natalício é o nosso inferno astral. Pois eu digo: se o inferno astral é assim, imaginem o paraíso!!!
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