Um elefante branco invadiu a sala da minha casa no dia do aniversário da queda das torres. Invadiu, se abancou, relaxou e agora está lá, muito bem sentado no meu sofá, com os pés apoiados na mesinha de centro.
A convivência com um elefante branco é extremamente penosa, porque ele é um animal dado a hábitos estranhíssimos. Faz toda questão do mundo de ser notado, percebido, visto; mas não nos permite qualquer contato, nem superficial, nem íntimo. Assim, ele não me permite falar sobre ou com ele; não me permite perguntar-lhe de onde ele veio, quanto tempo pretende ficar ou quando vai embora; não me permite encará-lo e nem quer que eu saiba suas intimidades. Ele se mantém lá, distante, calado, ensimesmado, e pesadamente instalado no meu lar, estacionado na minha sala, estacionando a minha vida.
Eu já tentei racionalmente convecê-lo de que o melhor seria que ele sumisse daqui, dizendo-lhe que esta é uma casa de gente feliz, que se ama e que nada tem a lhe oferecer. Porém, parece-me que o intuito dele é realmente testar nossa paciência até o limite e verificar o quão forte somos, o quanto somos capazes de seguir unidos quando ocorre um "apesar de". Tentei dissuadi-lo desse propósito. Em vão. Ele continua lá no mesmo canto, do mesmo jeito, me convencendo (ou tentando) de que aquilo tudo em que eu acreditava, em que apostei todas as minhas fichas, aquela certeza de que elefantes brancos não existiam, era só uma brisa leve de convicção e que nada havia de perenidade nisso.
Eu sinto que ele vai embora um dia. Só não sei quando, nem como. Mas sei que, quando ele ultrapassar o umbral da porta de entrada, restará aqui dentro um coração aliviado e feliz de novo.
Um comentário:
Ai amiga... quero nunca essa elefante branco na minha casa! :(
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