sexta-feira, 30 de abril de 2010

Disparate - Mais sobre mim

Ok, é besteira. Concordo que ninguém quer saber disso. Mas eu fiquei tentada a publicar, ei-lo!


Nome: Marcele

Data de nasciment: 22/05/XXXX

Local de nasciment: Fortaleza- CE

Residência: Fortaleza-CE

Olhos: Castanhos escuros

Cabelos: Pretos

Destro ou canhoto: destro

Signo e ascendente: gêmeos e gêmeos (pense numa geminiana grau 2)

Sapatos que usou hoje? Sandálias altas brancas

Fraqueza: carência

Medos: de morrer, cada dia mais!

Objetivo que gostaria de alcançar: ganhar dinheiro suficiente para não me preocupar com o preço das coisas

Expressão que mais usa no MSN Messenger: huahuahuahua

Melhor parte do corpo: cérebro

Pepsi ou Coca: Coca com certeza. O que é Pepsi?

McDonalds ou Bob's: Burger king

Café ou capuccino: café

Fuma: not!

Palavrão: PQP!

Perfume: J'ai adore - Dior

Canta: todo dia, em todo canto

Toma banho todo dia: alguém aqui não?

Gostava da escola: muito

Quer se casar: acho que não mais...

Acredita em si mesmo: quase sempre

Tem fixação com saúde: not at all

Se dá bem com seus pais: na maior parte do tempo, sim

Gosta de tempestades: não

No último mês, você:

- Bebeu álcool: SIM

- Fumou: NÃO

- Usou drogas: NÃO

- Foi ao shopping: SIM

- Comeu um pacote inteiro de Oreos: Sei nem o que é isso!

- Comeu sushi: NÃO

- Subiu ao palco: NÃO

- Fez biscoitos caseiros: NÃO (mas eu fiz uma macarronada delícia)

- Pintou o cabelo: NÃO

- Roubou algo: NÃO (minha cumadre Ju diria pra eu andar com gente decente. Que tipo de pergunta é essa?)

Já tomou um porre: ô!

Viajou: SIM

Já apanhou: só da mamãe!

Já bateu: Só um tapa num namorado doentio e ciumento

Número de filhos: 2

Como você quer morrer: tranquilamente, dormindo, sem dor...

Onde você fez faculdade: UFC

Piercings: NOT

Tatuagens: querendo muito uma...

Quantas vezes seu nome apareceu em jornal? Algumas vezes. Tenho amigos jornalistas.

Cicatrizes no corpo? 5

Do que você se arrepende de ter feito? Eu me arrependo sempre do que eu não fiz.

Qual sua cor favorita: Amarelo, porque acho feliz

O que lhe traz paz: sorrisos verdadeiros

Fale sobre um talento ou habilidade que você tem e que eu ainda não vi ou descobri. Eu consigo encostar o pé na orelha!

Qual sua disciplina favorita na escola? Redação

Ja amou alguem? ô!

Diga um lugar no qual você nunca esteve, mas que gostaria de visitar algum dia (aqui ou no exterior)... Paris

Você é uma pessoa matutina ou noturna? noturna

Os astronautas pousaram mesmo na Lua ou foi tudo armação? sei lá!

O que você tem no bolso? nada

Em 10 anos, você se vê... (termine como quiser)... FELIZ, assim em capslock

Falta energia e você não tem um gerador. Isso quer dizer nenhum eletrônico: computador, TV, vídeo, aparelho de som, etc. O que você faz para se manter aquecido, contente e entretido?... Agarro os pequenos

O que você jamais comeria? olhos de cabra

Quanto tempo de TV você assiste por dia? umas duas horas

Fale sobre um filme ou programa de TV obscuro e diga por que deveríamos assisti-lo. Não conheço nada obscuro, minha cultura é pop

Fale sobre uma banda ou talento musical obscuro e diga por que deveríamos ouvi-lo. Idem

Se tivesse que escolher, você preferia estar com muito frio ou com muito calor? muito calor

Um dia haverá um evento em sua vida tão grande que lhe arrancará da obscuridade e fará seu nome conhecido em todo mundo. Especule sobre o que vai lhe trazer seus 15 minutos de fama.. Não faço ideia, nunca quis ser famosa, já basta a exposição minha de cada dia

Qual seria a sua última refeição se você estivesse no corredor da morte? Lasanha

Qual sua lembrança mais antiga? O velório da minha avó materna, eu tinha menos de 3 anos

Se você tivesse direito a 3 desejos, qual seria o terceiro? Saúde até o último segundo

Qual seu vegetal favorito? Sério mesmo?

O que você queria ser quando era criança? grande, ué!

Qual o seu time, e por quê? só a seleção mesmo

Qual sua canção favorita no momento? "Tira ela de mim" Alexandre Pires

Quando criança, quais eram o seu brinquedo, livro, programa de TV e personagem de desenho animado favorito?
Brinquedo: Barbie
Livros: Se eu disser que já lia coisa de adulto, ninguém vai acreditar mesmo.
Programa: Xuxa
Desenho animado: Caverna do Dragão

Se você pudesse roubar algo, certo de que não seria pego, o que seria? Volto ao conselho da Cumadre JU de que tenho que andar com gente decente...

Se você pudesse entrar em um lugar onde não tivesse permissão e ninguém descobrisse, qual seria? numa sauna gay

Existe algum assunto do qual você sabe mais do que qualquer pessoa que você conheça pessoalmente? não

Você testemunhou contra a Máfia e tem que deixar o país. Aonde você iria para começar sua nova vida, e que carreira iria tentar? Grécia e acho que montaria um albergue!

Se você pudesse incluir ou criar um novo esporte olímpico, qual seria? levantamento de copo

O que você está ouvindo neste momento? nada, tô no trabalho, suuuuuper concentrada

Qual foi a última coisa que você comeu? estrogonofe

Primeira coisa que você nota no sexo oposto? ombros largos

Bebida favorita? coca-cola normal

Bebida alcoólica favorita? sex on the beach (drink vale? se não, vodka)

Você usa lentes de contato? NOT YET

Irmãs ou irmãos: os dois

Mês favorito: dezembro

Comida favorita: lasanha

Último filme a que assistiu no cinema: Chico Xavier

Você consegue tocar seu nariz com sua língua? not

Como um homem chama sua atencao? Sorrindo pra mim

Qual a primeira coisa em que você pensa quando acorda pela manhã? Só mais 5 minutos...

Como é o seu wallpaper? Fotos dos meninos

Sugira algo para ler: Caio Fernando Abreu, pra chorar tudo e esvaziar a dor de dentro.

Algo para assistir: Grey's Anatomy, pelos mesmos motivos do Caio F.

O que lhe irrita acima de tudo... Aquele momento terrível que faz com que você perca totalmente sua compostura e queira chutar, gritar e bater em algo com um porrete? Telemarketing às 7 da manhã

Admita, você não é perfeito... O que você faz e que deixa as pessoas irritadas? Impulsividade

Nasceu em que dia da semana? terça

Ator favorito? Não tenho!

Instrumentos que toca? Nenhum!

Internação em hospital? 3x, dois partos e uma plástica

Religião? huahuahauhauhuahua...

Qual seu aparelho eletrônico favorito? E qual aparelho você gostaria de ter? Preferidos: arcondicionado, TV e computador
Gostaria de ter: home theater

Sente pena das pessoas? Não, só de mim mesma

Sei sim!

Há uma dor. Dentro de mim, há uma ferida, um buraco, uma cicatriz enorme e uma dor que teima em doer. Há algo faltando na minha vida, é fato. Há o vazio, a saudade, a lembrança. Mas bem mais forte que isso, mais inquieta dentro de mim, mais vibrante, mais atual é essa vontade de ser feliz, essa esperança de dias melhores, essa paquera com o amor... Sim, sim, sim, eu sei ser feliz!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sorrindo com Matheus VIII

Matheus, Thomás e eu na sala, assistindo Discovery Kids. No intervalo comercial passam várias propagandas dos últimos lançamentos de brinquedos. Ele olha para mim e pergunta:

Matheus: Mamãe, no Dia das Mães eu posso ganhar um brinquedo?
Eu: Não, Matheus. No Dia das Mães quem ganha presente é a mãe.
Matheus: Hummm...
Eu: Você é que tem que me dar um presente!
Matheus: Ah, mãe, então eu já sei o que eu vou te dar.
Eu: Já sabe?!?!?
Matheus: Sim, sei sim!
Eu: E o que é?
Matheus: O que é? O que é?
Eu: Um perfume?
Matheus: Não!
Eu: Uma roupa nova?
Matheus: Não!
Eu: Um brinco?
Matheus: hum-hum
Eu: Um livro?
Matheus: Não, mamãe!
Eu: viiii... Sei não. O que é?
Matheus: Uma máscara do Kamen Rider - O Cavaleiro Dragão!!!


Quer usar o Messenger sem precisar instalar nada? Veja como usar o Messenger Web.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Com o coração a pulsar

Chega um dia em que a gente consegue olhar ao redor e perceber que o mundo continua essencialmente o mesmo, mas a dor mudou você. A gente percebe que é mais forte do que supôs ser. Entende que é capaz de andar muitos quilômetros mais, mesmo que esteja com os pés cheios de bolhas e calos e em carne viva. Chega um dia que a gente vê claramente o que signifca ser adulto e entende o peso que a maturidade e as responsabilidades nos impõem. Chega um dia em que a despeito de todas as coisas, a gente entende que ser feliz é uma questão de escolha pessoal, de ponto de vista, de dentro pra fora, de estar bem consigo, de querer viver e agradecer por estar aqui. Chega um dia em que, mesmo machucado, com hematomas e cicatrizes ainda dormentes, a gente entende que estar vivo, por si só, já é gratificante. Chega um dia em que a gente entende que há esperança sempre e que há o amor esperando pela gente em qualquer esquina da vida. Chega um dia em que a gente nasce, a gente cresce, a gente reproduz, e a gente repete tudo isso um sem número de vezes até o dia em que morre. E quando a gente lida com a morte, a gente percebe que não tem seguro de vida algum que garanta a ausência da dor. A única certeza que existe é de que ela virá e que a gente tem mais é que aproveitar, intensa e profundamente, cada milésimo de segundo em que estivermos com um coração a pulsar.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Amanhã

Cada dia dói um pouco menos. Cada dia fica um pouco mais sereno. Cada dia a respiranção, antes entrecortada, se torna mais tranquila e profunda. Cada dia eu consigo dormir um segundo a mais. A cada dia a vida vai me mostrando saídas, pessoas, sonhos novos. E eu vou em frente com o que lateja em mim, carregando uma enorme cicatriz, trazendo duas crianças pela mão, mas com um sorriso no rosto e acreditando num amanhã muito melhor.

__________________________________

Porque é exatamente como me sinto:

"Já conheci muita gente
Gostei de alguns garotos
Mas depois de você
os outros são os outros
Ninguém pode acreditar
na gente separado
Eu tenho mil amigos
mas você foi
o meu melhor namorado
Procuro evitar comparações
entre flores e declarações
eu tento te esquecer
A minha vida continua
mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender?
Depois de você
os outros são os outros e só."

(Os outros - Kid Abelha)


Quer transformar suas fotos em emoticons para o Messenger? Clique aqui e veja como.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Homenagens

Tem muita gente recontando a nossa história, lamentando o que aconteceu, chorando lágrimas de saudade com a gente. Quero agradecer e remetê-los aos textos. Obrigada aos autores!

Deveria ser (21/01/2010)

Vai passar (03/03/2010)

Carta a uma amiga que ficou sem par (11/03/2010)

Era um comercial de margarina (26/04/2010)

_________________________________________________

Eu consegui fazer links! \0/

Só agora

Agora que a vida entrou nos trilhos. Agora que a poeira baixou. Agora que a rotina não é mais um peso. Agora que a perspectiva de futuro retorna.  Agora que sair de casa não é mais um sacrifício. Agora que o sorriso espontâneo e verdadeiro ressurge. Agora que os olhos não estão mais nublados. Agora que as costas voltaram a ficar retas e a respiração voltou a ser profunda. Agora que os dias correm rapidamente. Agora que o Matheus já convive bem com o assunto. Agora que os pequenos aprendem tantas coisas novas. Agora que os outros param de me olhar com dó. Agora que eu não sinto mais que carrego o peso de uma tragédia. Agora que eu entendo que essa é a minha história e não, um carma. Agora que eu já consigo lembrar dele e sorrir. Agora que não choro até dormir. Agora que não é mais meu primeiro pensamento do dia. Agora que existe a visão do futuro feliz, mesmo com essa cicatriz. Agora que o mundo deu quase cem voltas em torno de si. Agora que eu sei que sou capaz de ir em frente sem ele. Agora que eu descobri que sou mais forte, mais segura, mais independente, mais amada, mais querida, mais amiga, mais presente, mais sensível, mais carente do que supus ser. Agora que eu sei que foi uma fatalidade, foi uma imprevisão, foi um infortúnio, foi um deslize... Agora que eu entendo que "para sempre é sempre por um triz". Ficou só a saudade mais pura; o amor mais persistente; a lembrança mais querida; uma dorzinha fina, daquelas que maltratam, mas não envergam; algumas lágrimas; uma vontade de estar perto e dizer tudo que foi dito um milhão de vezes e dar um abraço apertado, daqueles de doer meu braço por não conseguir abraçá-lo por completo... Agora, sim, eu vivo essa dor. Até então, eu tomava providências.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Citações

Quem me conhece de verdade, sabe: eu leio. Eu estou sempre lendo alguma coisa e tenho uma fila de livros em espera na cabeceira da cama. Depois do que aconteceu, eu comprei alguns livros que furaram a fila de espera. Li o livro "Para Francisco", baseado no blog cujo link tá aí na lista "Blogosfera". Li também alguns livros religiosos que ganhei de presente. Todavia, a surpresa maior veio de um livro que eu mesma comprei e que me interessou por causa de uma citação publicada em crônica assinada por Miguel Falabella (se não me engano) na revista Istoé. Não me lembro exatamente da citação, mas eu anotei os nomes do autor e do livro e comprei. Trata-se de "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra" de Mia Couto. O livro é sensível demais e, ainda pela metade, já me arrancou algumas lágrimas. Venho hoje só colar passagens que me fizeram refletir. Deliciem-se:

"A morte é como o umbigo: o quanto nela existe é a sua cicatriz, a lembrança de uma anterior existência. (...) A cicatriz tão longe de uma ferida tão dentro: a ausente permanência de quem morreu."

"Morto amado nunca mais para de morrer."

"É que em todo lado, mesmo no invisível, há uma porta. Longe ou perto, não somos donos mas simples convidados. A vida, por respeito, requer constante licença."

"Sabe-se: a dor pede pudor. Na nossa terra, o sofrimento é uma nudez - não se mostra aos públicos."

"Seja eu quem for, esperam de mim tristeza. Mas não este estado de ausência. Não os tranquiliza ver-me tão só, tão despedido de mim."

"Isso, ele me ensinara: o segredo é demorar o sofrimento, cozinhá-lo em lentíssimo fogo, até que ele se espalhe, diluto, no infinito tempo."

"Você vai enfrentar desafios maiores que as suas forças. Aprenderá como se diz aqui: cada homem é todos os outros. Esses outros não são apenas os viventes. São também os já transferidos, os nossos mortos. Os vivos são vozes, os outros são ecos."

"Lá fora, a vida desfilava, impávida. Injustiça é o mundo prosseguir assim mesmo quando desaparece quem mais amamos."

"Uma angústia, porém, permanecia como âncora, amarrando para sempre a capacidade de ser feliz."

"Aqueles que mais razões têm para chorar são os que não choram nunca."

___________________________________________________________

Ontem, eu ouvi novamente a música "Parabólica" do Engenheiros. A letra foi escrita pela Humberto Gessinger para a filha. Essa passagem também desencadeou o mecanismo de transbordamento que eu ando tentando conter:

"Se a TV estiver fora do ar,
quando passarem os melhores momentos da sua vida,
pela janela eu estarei de olho em você
completamente paranóico"

Eu não duvido, Thi! Eu não duvido!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pílulas

Para dividir com todos, a vencedora da rifa foi:

Renata Siqueira - ponto nº 601

PS: Queria ter postado as fotos do Matheus sorteando o ponto, mas a velox tá frescando com a minha cara desde quinta passada. Sem internet em casa.

________________________________________________________

O feriado foi de susto. Thomás tentou subir na cadeira da mesa de jantar e ela virou. Ele prendeu o dedinho médio da mão direita entre o encosto da cadeira e o chão. Quebrou o ossinho da ponta do dedo e ainda fez um talho muito fundo. Levou seis pontos e passa bem.

Mais uma coisa sobre o incidente: o Hospital da Unimed é igualzinho ao Frotão!

_________________________________________________________

Então, os três meses passaram. Três primeiros meses de uma dor que teima em doer; de uma falta que é presença; de um vazio que não diminui... Agora, com esse tempo que se foi, o que continua a doer é o que ele deixou de ver e viver. Não deu tempo... Como diria Manuel Bandeira, uma vida inteira que podia ter sido e não foi.

Ele não viu o Matheus pedalar sozinho a bicicleta. Não viu o Thomás falando "Tau, mamã!". Não viu nosso bebê chegar da escola fantasiado de índio, não viu os nosso pequenos heróis no carnaval. Ele não viu o aniversário de 60 anos da mãe. Não viu o Arthur no seu comer-dormir-chorar-de-fome. Ele não viu o Matheus querendo desembrulhar todos os ovos de páscoa para brincar com a surpresa e o Thomás querendo comer todo o chocolate. Ele não viu a aprovação do cunhado na faculdade que sonhou fazer. Ele perdeu tudo isso...

Ele não estará comigo para comemorar nosso 5º aniversário de casamento, nem no dia das mães, nem no meu aniversário... E não haverá nossa festa no dia 10/07/2010. Nós não faremos bodas de mais nada. Ele não elogiará a decoração do nosso apartamento novo, dizendo que eu tenho bom gosto e só eu mesma poderia ter pensado naquilo tudo. Ele não verá o Matheus aprender a ler e escrever e não vibrará quando ele estiver lendo todas as placas das ruas. Ele não verá o Thomás articular frases. Ele não gritará para os pequenos, lá na piscina, subirem para o almoço da varanda do nosso apartamento. Ele não jogará bola com o Matheus no campinho. Ele não poderá levá-lo ao jogo do Ceará, com o vovô Márculo papocando de orgulho.

Ele não verá o adolescer dos meninos (eu dizia tanto que eles seriam aborrecentes!). Ele não poderá ensinar como conquistar garotas da escola. Ele não dirá que eles poderão escolher qualquer profissão, independente de perspectiva financeira, como sonhou fazer nem sei quantas vezes. Ele não contará histórias de sua vida na Europa, como disse que faria. Ele não poderá ser generoso com a mesada deles, como disse. Ele não promoverá uma grande festa quando eles chegarem à maioridade. Ele não chorará escondido ao vê-los formados, como sei que faria.

Ele não envelhecerá ao meu lado, contando piadas bestas e me fazendo rir com suas gracinhas. Ele não me aborrecerá mais com suas escatologias. Ele não me encherá de beijos ao acordar de mal-humor e nem me chamará de bicho peguiça ao beijar meu pescoço e pedir pra eu acordar. Ele não fará mais o cafuné gostoso com a mão de chimpanzé. Ele não dormirá com a mão pesando na minha cintura. Ele não... Nunca mais!

A vida será muito diferente sem ele por perto. Mas ainda assim, há de ter alguma compensação. É isso que me move.

________________________________________________________

Oficialmente, entro no meu inferno astral hoje. Falta um mês para o meu aniversário. Se esse inferno astral conseguir ser pior que os últimos três meses, eu peço para sair! Hehehe...


Quer usar o Messenger sem precisar instalar nada? Veja como usar o Messenger Web.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Cartas para você XII

Thi,

E lá se vão três meses. Eu me assusto ao ver que o tempo passa rápido mesmo. Eu me perco na minha rotina, eu me perco na confusão estabelecida e na minha própria vida. Eu me perco, Thi... O que me mantém em pé, com olhos no lá longe, no muito depois disso, são os dois pequenos e uma vontade latejante de sentir aquela felicidade de novo.

Eu tenho saído. Refeito (Oi, Gloria?) e feito amizades. Bebido vodka e outras coisitas mais. Dançado até o cabelo grudar na nuca. Eu sei o que você diria me vendo desse jeito: levemente fora de mim por conta do torpor alcoolico, despida de algumas das minhas amarras sociais, e dançando até o cabelo grudar na nuca... Eu bem sei o que o seu ciúme diria! Mas eu preciso viver; eu preciso disso como para anestesiar o que lateja; como que para esquecer o que não se esquece; como que para aliviar, ainda que apenas por algumas horas, o que não sai de dentro de mim. Eu preciso disso para ver o tempo passar mais rápido, para dormir pesado e acordar tarde. Eu preciso disso. Sim, sempre vai ter quem pense que é cedo, sempre vai ter quem pense que é inapropriado, inadequado, errado, feio...  Mas eu, só eu sei as correntes que arrasto, só eu sei da dor que grita no meu peito, só eu sei do peso sobrehumano que eu carrego nos ombros. Então, sou eu mesmo que tenho que encontrar minhas saídas e meus escapes.

Os nossos pequenos cresceram tanto nesses três meses, Thi. Thomás tá quase falando e você se divertiria muito em vê-lo dizer: "neném ábua", ao pedir a mamadeira de água. Matheus tá ainda mais falante, não para nunca de falar, reconta histórias dos desenhos animados a que assiste como se fossem reais e eu me pego rindo da eloquência do nosso grandão. Eles não terem sua presença, seu carinho, seu contato, sua voz no desenvolver, no crescer e na vida, sem dúvida alguma, é o que mais me dói. Mas eu vou tentando fazê-los felizes, meu amor. No limite máximo possível que não os transforme em seres mimados, irresponsáveis e inconsequentes. Mas num é isso mesmo que os pais devem fazer? Criar pessoas equilibradas, fortes e felizes a despeito de todas as adversidades da vida (Obrigada, mãe!).

É triste estar sem você. Todos os dias eu sinto o peso de você não existir mais nesse mundo. To-dos-os-dias! Mas eu vou buscando formas de preencher o espaço vazio, o vácuo, o nada que ficou no meu mundo e dentro de mim. Eu vou tentando como eu posso, como dá, no meu limite... Se antes eu já achava que tateava no escuro, hoje eu vejo as luzes que brilham lá fora do poço. Eu vejo a luz do sol, meu amor! Eu vejo a saída... Eu sei que é questão de tempo para estar lá de novo. E o tempo é um senhor tão bonito...

Subindo degraus, Thi! Subindo...

Também amo você demais!

Moreninha


______________________________________________________

Marcello,

Assim que eu cheguei em casa, naquele 20/02/2006, eu liguei para ele e contei que estava grávida. O que eu ouvi foi um "Tô indo praí!". Nenhum palavrão, nenhuma surpresa, nenhum desespero... Foi bem como eu contei aqui, no post de 05/02/2010, a razão que a gente precisava para ficar junto de vez.

_______________________________________________________

Meus queridos,

Últimas 24h para comprar pontos na rifa! MUITO OBRIGADA MESMO a todo mundo que está participando!


Cansado de entrar em todas as suas diferentes contas de email? Veja como juntar todas

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Recontando

Este será um post bem longo (para vocês terem muito o que ler durante o final de semana) porque eu vou colar aqui os textos do período da nossa reconciliação até a descoberta da gravidez do Matheus, que teve um hiato de uns sete, oito meses, período em que a gente não se entendia e se entendia demais, em que ele morou na Europa e eu aqui arrastando minhas correntes... Dá para perceber claramente a crise, o vou-não-vou, a minha insistência e a minha certeza de que ele era o cara certo... São alguns dos textos do meu blog velho e que me fizeram entender que eu escolhi mesmo estar neste lugar e, ainda com essa dor martelando, eu não poderia merecer nenhum outro. Eu só sei ser feliz!


30/05/2005 - Ele foi...

Ela há muito escondera dentro de si a convulsão que ele provocava. Empacotara o sentimento, expremeu-o num pequeno embrulho e o guardara num recanto escuro e escondido do fundo do armário. Por muitos meses, esqueceu-se de que ele estava lá, guardado. Em muitos dias, chegou a crer que ele jamais, em tempo algum, realmente existira. E em seus momentos ébrios, bradava ao céu infinito que fora tudo fruto da sua imaginação ultra-romântica de adolescente tardia.

Ele não se conformava, não entendia, não percebia os labirintos e teias existentes naquela complexa alma feminina. Dilacerava-se, sofria, confundia, não compreendia... A frieza com que ela fora capaz de anular as forças daquele sentimento, simplesmente zipá-lo, doía-lhe e ele sofria além do que era capaz de sofrer.

Fingida, ela engolia em seco sempre que o via, nunca conseguiu se referir a ele como um amigo, nunca conseguiu olhar com indiferença os inúmeros beijos dele em outras meninas, nunca perdeu a revoada de borboletas e lembrava sempre do beijo suave e das mãos quentes, do ombro acolhedor e do afago nos cabelos, quando deitava a cabeça no travesseiro. Ainda assim, o pequeno embrulho permanecia intocável, no seu lugar.

Porém, uma notícia abriu o armário e desembrulhou o sentimento tão bem guardado. Rasgou o pacote, e, a pressão tamanha a que ela submetera aquilo tudo, causou uma explosão imensurável em seu ser, inundando novamente a vida, os pensamentos e o dia-a-dia dela, seu quarto, sua alma, seus espaços, desvãos.

Ela observou-o de longe e viu a felicidade com que ele levava a vida. Queria se reaproximar, mas ele tinha agora um outro ritmo, sem ela. Sabia que alguns a olhariam com desprezo, outros com descaso, poucos chegariam ao limite extremo da educação, que beira à grosseria. Não era fácil. De longe, sem que ele percebesse, discretamente, ela buscava espaços, notícias, o momento certo.

O tempo para agir era curto demais para que ela esperasse a hora certa. Então, numa noite chuvosa, em que os relâmpagos iluminavam os olhos dele (que dissolviam a alma dela), ela derramou sobre ele, em prantos e soluços, todo seu sentimento, expulsou de si tudo aquilo que extravasava porque não agüentava mais mantê-lo comprimido. Transbordou-se.

Ele olhou-a sem paixão, sorriu o sorriso dos que não sabem como reagir. Como fizera com tantas outras, procurou se fazer entender, disse que esperara por aquela confissão por muito tempo e a pediu que saísse do carro. Era tarde demais para eles, amanhã era segunda e eles tinham que acordar cedo.

Ela debulhou-se em lágrimas, soluçou, abraçou-o, e entendeu que ali estava alguém que... Não, ela não sabia definir, mas sabia que o queria perto de si. Não queria mais se expor, não queria mais sofrer, não queria mais se machucar, não queria sair dali, não queria deixá-lo ir...

Mas ele foi.

07/07/2005 - Razões

Não há como explicar o que não tem explicação. Não é possível entender o inexorável. Não cabe a nós evitar o inevitável. Quando alguém cria raízes no nosso coração, por mais que podemos os ramos, a vida continua lá, a árvore volta a nascer, a copa torna a esverdear e florescer... Podem passar dia, meses, anos até... Continuará lá, viva! Assim é. Não adianta tentar arrancar as raízes do sentimento porque para isso teria que extirpar o próprio coração e, assim, a gente não sobreviveria. Ele - o sentimento - fica lá, acompanhando as estações, o desenrolar da sua vida, as confusões e as soluções, mas não passa, não sara, não seca, não morre.

Ele ainda está aqui e você sabe disso!

09/07/2005 - Saindo de Cena



"There's always that one person that will always
have your heart...

You'll never see it coming cause you're blinded
from the start..."

(My boo - Usher and Alicia Keys)


Ela descobriu, depois de um longo tempo, o sentimento escondido nos recônditos de sua alma. A explosão causada pela pressão com que comprimira toda aquela emoção fez com que ela inundasse mais uma vez sua vida, seus espaços, seu quarto, seus cantos. E como não podia mais guardá-la, derramou tudo sobre ele, entre soluços e lágrimas. Disse mais do que precisava ser dito, expôs-se, mostrou a ferida para que ele curasse... Ele deu de ombros e apenas disse que era tarde. E foi.
Ela não se conformou. Não acreditava que tanto sentimento poderia simplesmente sublimar. Se ainda existia nela, deveria existir em algum lugar dele. Buscou de todas as formas o dispositivo que acionaria a dinamite com que ele cercara todo o sentimento. Tentou mostrar que ainda tinha como ser. Tentou fazê-lo entender que "they were meant to be". Tentou provar que ela não era mais a menina de anos atrás. Tentou mostrar que o vazio era decorrente apenas da falta. Tentou argumentar que as diferenças não são tão gritantes e sim, perfeitamente superáveis. Tentou dizer que valia a pena, que não poderiam deixar isso tudo escapar, que poderia ser pra vida toda... Ela tentou e só ouviu palavras desconcertantes. Descompensou...
Ela disse para seus botões que não desistiria facilmente dele. Jurou que o faria perceber. Quanto mais argumentos ela usava, mais eles discutiam, mais discordavam, mais se machucavam, mais se distanciavam, mais desconstruiam o caminho de volta. Ela chorou.
Hoje, passeando pela internet, viajando pelos sítios dele neste mundo de exposição e pouquíssima privacidade, descobriu que ela não existe mais há muito. Sua insistência causou repugnância. Suas palavras causaram irritação. Seu sentimento causou piedade. Suas tentativas foram em vão.
Hoje, ela percebeu que ele faz promessas de casamento a terceiras pessoas; que ele mantém uma nova rotina de vida, da qual ela simplesmente não faz parte; que ele faz questão de manter uma distância razoável dela para que não se infeste de novo de sua presença... Assim, sem mais nem menos, ela percebeu o quão idiota estava sendo e resolveu sair de cena.
Diminuam as luzes, deixe-a desaparecer na penumbra... Cai o pano, fecham-se as cortinas.

15/11/2005 - Irremediável

"Eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar, dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe. Mas ele não queria, acho que ele não queria, e eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo" (O mar mais longe que eu vejo - Inventário do Ir-remediável. Caio Fernando Abreu)

Acordou com uma vontade estranha, uma saudade estranha, um incômodo indescritível. Era saudade, sim. A constatação disso tanto tempo depois gerou um sorriso nos lábios dela. Deitada ainda, procurou por alguém ao lado na cama, procurou um ombro pra se aconchegar, procurou alguém pra dizer bom dia com uma vozinha infantil, como só quem está muito apaixonado consegue fazer. Mas não havia ninguém lá. Sentiu falta de ligar todos os dias nos mesmos horários para a mesma pessoa, aquela com quem podia ficar conversando leviandades, descrevendo dias modorrentos como se uma história fascinante fosse; e ainda de ligações extraordinárias no meio da tarde da quarta-feira só pra dizer "eu te amo". É, ela tava estranha aquele dia. Sentiu falta da programação do final de semana juntos, das viagens nos feriados prolongados para aquela casa de praia, da perspectiva de uma vida inteira juntos. Lembrou-se do nome dos filhos que planejara ter. Lembrou da turma de casais e daquele barzinho de todas as sextas. Lembrou dos micos que pagaram juntos não sei quantas vezes por conta da bebida e da parada obrigatória naquela lanchonete no meio da madrugada, aos domingos ou quando batesse nela uma vontade irresistível de comer tranqueira. Lembrou da confiança incondicional, da cumplicidade, da intimidade extrema, do companheirismo, da mão pesando na perna quando no carro, do corpo pesando sobre o dela, do beijo ofegante, do abraço apertado e das lágrimas (tantas...) por ciúme, por amor demais, por saudade, por brigas inúteis... Lembrou de como se sentia ao lado dele, da sensação de que tudo ia ficar bem, por maior e pior que fosse o problema. Lembrou das aulas de química, das horas em que ficavam sentados, cada um estudando suas coisas, mas sempre por perto, ao alcance dos lábios. Riu muito da mania de doce, do festival de cosquinhas, das brigas estúpidas em Olinda e das inúmeras reconciliações. Lembrou de como ele achava engraçado as lágrimas que saltavam dos olhos dela por qualquer bobagem, um filme, uma homenagem, uma frase, um poema... Lembrou do quanto foi difícil aquela viagem que ele fez. Lembrou-se dos inúmeros aniversários, das surpresas e de uma mágoa. Porque toda história de amor tem suas mágoas. Porque toda história de amor é pra ser lembrada.

O passado continua essencialmente o mesmo e, já que não pode mais ser vivido, pede para ser lembrado...

13/12/2005 - Enfim te vejo

Enfim te vejo. Enfim pouso nos teus meus olhos curiosos, ávidos... Olhos que tentam desvendar o que está escondido nos cantos recônditos deste olhar. Sim, enfim te vejo! E busco nas conversas amenas perquirir tua alma; devassar teus pensamentos; ler nas entrelinhas o que não conseguimos dizer por cômoda educação, por conveniência, por proteção, para não arrancar novamente a casca da ferida que ainda não cicatrizou por inteiro. Tu falas sobre o vento gelado do lado de lá, de catedrais monumentais, parques fenomenais, lugares que iluminam sonhos de metade dos que moram do lado de cá. Tu devaneias sobre lugares e histórias, sobre farras e memórias e desvia o olhar. E evitando me olhar... Talvez porque percebes o campo eletromagnético ao nosso redor, como objetos ionizados por cargas elétricas opostas a soltar descargas em faíscas despertadas pelo encontro do olhar. Enfim te vejo e depois de tanto tempo tu filosofas sobre História e Arte, sobre museus e espetáculos, enquanto eu revisito cada detalhe desse rosto que eu conheço de cor, que é a mais doce das imagens mnemônicas. E nesse momento em que tu fitas o ar, a noite ou uma estrela qualquer que brilha a nos observar do céu "é que te olho detalhado, e nunca saberás quanto e como conheço cada milímetro da tua pele", esses vincos ao redor da boca, esses olhos cheios de um encantamento infantil e esse sorriso capaz de iluminar qualquer ambiente. E me perco do que dizes, e a cabeça viaja às memórias deste rosto em meu colo, dedos entrelaçando cabelos, lábios e línguas se buscando, mãos perdidas num corpo só que envolve duas almas. E, tão dissimulada, penso nisso tudo enquanto falas qualquer coisa sobre qualquer lugar em que estivestes. E finjo tão bem que não percebes que meu desejo é apenas "chegar a esse mais de dentro que me escondes sutil, obstinado, através de histórias como essas". E enquanto tentas mostrar tudo que aprendestes, percebo o quanto tu te escondes de mim e te afastas. "Tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo e embora supondo conhecer as regras, me deixo tomar inteira por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro, a aceita-los com um cão faminto aceita um osso descarnado, essas migalhas que me vais jogando entre as palavras e os pratos vazios, torno sempre a voltar, talvez penalizado do teu olho que não se debruça sobre nenhum outro assim como sobre o meu" e te espero com a convicção da beata que espera a salvação após a morte, com a vontade do faminto em frente a um prato de comida; com o querer da mãe que espera o primeiro filho. E voltarei sempre a ti, porque foste qualquer coisa de inexplicável, destas que deixam a marca gravada a ferro na alma, transcendendo o que quer que se possa imaginar de superficial, de epidérmico. Enfim te vejo e descubro que te esperei este tempo todo querendo apenas voltar pra ti; "tornarei sempre a voltar porque preciso desse osso, dos farelos que me têm alimentado ao longo desse tempo, e choro sempre quando os dias terminam porque sei que não nos procuraremos pelas noites". Pairo pelo mundo, vago pela vida, sobrevivo apenas quando da tua ausência e esta ausência doída, lacerante, pungente só serviu para que as certezas se evidenciassem, para que as dúvidas arrefecessem, para que as mudanças antes impossíveis ocorressem, para que eu me preparasse para ser o que desejaste por tanto. E longe vão meus pensamentos e em mim pousam teus olhos, percebo teus lábios carnudos se movimentarem, dando vida a qualquer história que finjo ter interesse com um sorriso no canto da boca, "atrás de cada palavra tento desesperada encontrar um sentido, um código, uma senha qualquer que me permita esperar por um atalho onde não desvies tão súbito os olhos, onde teu dedo não roce tão passageiro meu braço, onde te detenhas mais demorado sobre isso que sou e penses quem sabe que se aceito tuas tramas" é porque é chegada a hora de voltar àquele ponto esquecido, àquele ponto que supúnhamos soterrado, àquele ponto em que paramos para nos despir um do outro. Enfim te vejo e espero, rezando, chorando, pedindo, implorando silenciosamente, sem abrir a boca, sem alterar a respiração, sem lágrimas, sem cenas, que fiques.
* Citações do Conto "À beira do mar aberto, Os dragões não conhecem o paraíso - Caio Fernando Abreu"

11/01/2006 - Quando você está aqui...

Parece que finalmente encontrei a paz e que a louca procura chegou ao fim. Parece que, enfim, posso ser feliz e que a vida é mesmo assim. Parece que o céu se abriu, dissiparam-se as nuvens carregadas, e as coisas mais importantes deixaram de ser as palpáveis. Parece que retorno à vida após uma grande letargia ou depois de uma viagem in the sky with diamonds. É, parece mesmo que o certo é isso aqui, a hora certa é essa aqui, o jeito certo é o nosso. Parece, sim! Parece mesmo que we were meant to be e que a certeza e a resolução da minha vida é ter você para mim. Parece mesmo que nada mudou ali dentro, naquele recanto inóspito em que escondi tão grande sentimento, embora a Terra tenha dado duas voltas em torno do sol. Os demais se tornam ninguém quando você se torna alguém. Tudo mais é nada quando você é presença. Parecem mesmo indiscutivelmente descartáveis todos aqueles planos made by myself se os verbos não puderem ser conjugados na primeira pessoa do plural. A mim me parece que tudo feels like home, tudo voltou ao seu lugar, mas falta ainda você voltar.

20/01/2006 - Eu explico...

Tá certo, tudo bem, eu entendo que seja até precipitado, que a gente tem muito o que conversar, que as coisas nunca vão ser como eram... Tá bom, eu sei... Mas o que importa se terceiros acham leviandade?? Se outrem pensa que este não é o momento?? Se num-sei-quem disse que não deveríamos mais estar juntos??? O que importa se a Terra deu duas voltas em torno do sol??? E se as coisas mudaram?? O que importa as pessoas que conhecemos e os corações que partimos??? O que importa tudo isso se quando escuto sua voz meu coração palpita?? Se quando estamos juntos as coisas ao redor ganham outra cor, outro sabor, outras tendências?? se simplesmente parece que retornei à minha casa e encontrei cada coisa em seu lugar?? Olha, não adianta nada a gente querer fugir, querer se desvencilhar de um sentimento que, a bem da verdade, nunca dos deixou, que continuou guardado ali, esperando o momento do pulo do gato para aprontar mais essa surpresa com nossos corações. Não quero relutar, quero reviver! Eu sei que existirão desconfianças e ciúmes, num primeiro momento. Eu também sei que precisaremos nos adaptar às novas rotinas e afazeres. Eu sei que jamais seremos aqueles dois meninos loucos de amor que fomos, mas e daí? Por que essa história será menos bonita??? Vai, abre teu coração e se joga de novo nesse precipício louco que é a paixão, porque eu já tô em queda livre faz tempo, esperando só você vir segurar minha mão!

24/01/2006 - Momentos

Às vezes, eu fico pensando se dá pra medir, se dá pra caber em mim...
Às vezes, eu me pego lembrando desses detalhes, da curva da sombrancelha, do músculo do braço, da boca entreaberta prevendo o beijo molhado...
Às vezes, eu fecho os olhos e é como se ainda estivesses em mim e espamos, arrepios, suspiros...
Às vezes, sinto alguém passar com esse "perfume inebriante, perdura um instante a rua inteira a levitar..."
Às vezes me dá vontade de repetir em silêncio as frases, transpirar os sentimentos que explodem em mim, pôr pra fora isso tudo que teima em vibrar...
Às vezes, eu só quero estar assim, aí, encaixada nesse ombro, sentindo o cheiro da curva do pescoço e sonhando com a eternidade que se abre pra nós.

16/02/2006 - Correspondido, sim!

Enviada em: segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006 00:23
Para: Marcele Alencar
Assunto: Mais uma vez pensando em vc antes de dormir...

Asa de Águia
Amor de Fé
by André Lelis

Diga, diga, diga
Se eu não sou o grande amor da sua vida
Que você nunca aceitou a despedida
Diga como eu fiz você feliz
Pode fazer reza
Pode até pagar pro santo uma promessa
Sei que a vida vai mudar não tenho pressa
Só não mudará o que ficou dentro da gente
Nosso amor não é de brincadeira
É amor de fé
É amor de paz é de primeira
Quero ter você a vida inteira
É amor de fé, é amor de paz é de primeira
Nesse jeito de amar
Vai fazer você sentir o meu desejo
Na verdade eu também sou
Loucamente apaixonado por você.

Achei essa música a minha cara c vc! hehehehe
Boa noite, morena!

T.C.

21/02/2006 - A Notícia

- Parabéns, Doutora! A senhora tá grávida!


"Conclusão: Ultrassonografia transvaginal compatível com gestação tópica de 06-07 semanas".


Quer usar o Messenger sem precisar instalar nada? Veja como usar o Messenger Web.

Sorrindo com Matheus VII

- Mamãe, meu próximo aniversário vai ser de 4 anos, né?
- É sim, meu amor!

Voltando-se para o irmão:

- Vendo, Thomás, 4 anos já é quase adulto!


Quer usar o Messenger sem precisar instalar nada? Veja como usar o Messenger Web.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

RIFA


Gente,
 
Tá acabando, hein? O sorteio da rifa já será na próxima terça-feira, dia 20/04. Participem!
 
Mandem email para mim e eu explico direitinho como vocês que moram do outro lado do país ou que não conhece ninguém que esteja vendendo os pontos pode participar.
 
Queridos amigos que estão vendendo pontos, por favor, por favor, por favor, me procurem para prestar contas este fim de semana.
 
Muito obrigada mesmo!


Quer transformar suas fotos em emoticons para o Messenger? Clique aqui e veja como.

Entendo

Eu sinto a alma estalar. Eu sinto de novo um leve trepidar. Eu sinto que coisas boas acontecerão, eu tenho uma quase certeza que sim. Ela me faz pensar assim. Porque eu morri um pouco naquela curva da estrada, mas não morri inteira. Eu me despedacei um pouco naquela batida, mas não virei pó. Eu saí um pouco de mim, eu me distanciei de mim, eu me perdi no meu caminho, porque ele era para onde e com quem eu ia. Mas eu voltei ao prumo, voltei ao leme da minha vida e eu sinto de novo. Sinto que sim, que ela mora aqui dentro, que ela me joga mais à frente, que ela se remexe dentro de mim, ela me sacoleja e me coloca no meu lugar de novo. Ela mora em mim e me prova que existe a despeito de, apesar de, independente de. Ela vive em mim e eu simplesmente não posso negar a alegria de conviver com ela.

Ah, Felicidade, muito obrigada por não me abandonar!

"Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada
eu vou estrada eu sou
Todo mundo ama um dia todo mundo chora,
Um dia a gente chega, e no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz"
(Tocando em frente - Almir Sater e Renato Teixeira)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sem escalas

O tempo passa, querendo ou não, esperneando ou torcendo, chorando ou sorrindo, o tempo passa. Não tem botão para fazê-lo ir mais rápido nem mais lento. Mas a gente pode escolher de que forma vamos vê-lo passar. A dica é se ocupar. O trabalho,os pequenos, os amigos, as conversas em mesa de bar, as baladas no final de semana são ótimos para exaurir o corpo e fazer dormir pesado e exorcizar da mente as lembranças que ainda fazem latejar tudo. Depois de um tempo nesse exercício, cria-se o hábito. Depois de um tempo construindo o muro, não se vê mais do outro lado dele. Depois de um tempo empacotando recordações em caixas lacradas e escondidas no porão de dentro de si, aqui na sala de estar o sorriso volta. Isso não é fugir, isso não é não viver a dor, isso não é subterfúgio ou sair pela tangente. Isso é apenas o meu modo de sobreviver.

Quando a gente termina um relacionamento, ou rompe um noivado, ou se divorcia, ou ama alguém que não tem reciprocidade de sentimentos; enfim, em qualquer desses casos, a dor permanece com uma ponta de esperança. Esperança que, de repente, o outro perceba o quanto precisa da gente, o quanto somos formidáveis, o quanto nossa história pode dar certo, o quanto seria legal se estivéssemos juntos, o quanto vale a pena investir nesse relacionamento... A gente espera que o outro entenda, volte, perdoe, perceba e ame. Caia em si e ame. A gente até comete pequenas loucuras para que o outro entenda. A gente permite algumas humilhações, engole sapos, investe pesado. A gente tenta até a última gota de suor e até a última lágrima porque há esperança.

Quando alguém que a gente ama morre, não há mais esperança alguma. Não há nada que se possa fazer. Chora-se até secar a alma de toda a dor e, no dia seguinte, se descobre que ainda há muito mais dor para secar. E no dia seguinte também. E no dia depois deste. E se ficarmos nesse exercício de secar a alma de toda dor todos os dias, simplesmente não se sobrevive. Eu criei mecanismos de escape. É claro que existem armadilhas dentro de mim. Sempre tem alguma coisa que liga o mecanismo de transbordamento que me faz chorar de novo, como naquele primeiro dia, como no meu september eleven pessoal. Mas eu vou me ocupando com o trabalho, os pequenos, os amigos, as conversas em mesa de bar e baladas no fim de semana. Do exercício ao hábito. Do luto à luta. Do casamento para a pista. Sem escalas.

terça-feira, 13 de abril de 2010

De novo

Eu já tinha esquecido ou fugido dessas lembranças (o que é bem mais provável). Eu não me lembrava mais do toque, do sinal no pescoço, da boca carnuda e do nariz adunco. Eu não me lembrava direito do encaixe do meu corpo no dele. Eu não me lembrava mais do quanto ele era carinhoso comigo, do quando ele gostava de me apertar entre seus braços e de cheirar meu pescoço e de dizer que minha pele era uma delícia... Eu não me lembrava mais ou escondia isso tudo nas minhas caixas lacradas dentro de mim. Mas essa noite veio um sonho assim, um sonho só nós dois, um sonho em que tudo isso surgia na minha mente, um sonho que não era erótico, mas muito romântico. Éramos nós de novo com tudo o que isso significava, com tudo que a gente construiu nos nossos anos de amor. Éramos nós dois de novo, entregues e apaixonados da maneira mais leve e profunda e intensa que se pode amar outrem. Éramos Cele e Thi.

Muita saudade!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Alice - Lições

Para Maria da Graça
Paulo Mendes Campos

Agora que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no país das Maravilhas.

Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti. Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade.

A realidade, Maria, é louca. Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: "Fala a verdade, Dinah, já comeste um morcego?". Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. "Quem sou eu no mundo?" Essa indagação perplexa é o lugar comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.
A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: "Estou tão cansada de estar aqui sozinha!" O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.

Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave. A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon!" Pois viver é falar de corda em casa de
enforcado.
Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: "Gostarias de gatos se fosses eu? ".

Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados, todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou! Mas quem ganhou?" É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhastes.
Disse o ratinho: "Minha história é longa e triste!" Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance". Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!" Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria. Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mais devagar, muito devagar.
Quero dizer seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo". Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente. E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte: É isso mesmo.
A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom humor.

Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas". Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.

domingo, 11 de abril de 2010

É um doce perigo

Porque a gente pode tropeçar e quebrar a perna e pode ganhar na loteria; pode bater de cara num vidro bem limpo e pode bater de frente com uma pessoa linda; pode enganchar o dedo mindinho do pé no pé da cadeira e, enquanto as lágrimas descem, receber uma ligação inesperada e demorar horas em sorrisos e confissões; pode perder o ônibus e chegar atrasado e virar a esquina e descobrir um restaurante maravilhoso; pode ter o carro arrombado na mesma noite em que conheceu o amor da vida; pode perder o prumo e descobrir a força; pode sofrer a dor maior do mundo e descobrir gente que só te quer sorrindo; perder o amor da vida e ganhar uma vida de amores outros...

Viver é um perigo. Estamos a correr riscos diariamente, ininterruptamente... E sabe que cada vez mais eu tenho certeza que as nossas inquietações e ansiedades e roer-as-unhas e dormir mal e quebrar a cabeça não adiantam nada. Tudo sempre termina da maneira que era para ser. Isso não nos livra das dores nem das alegrias. Na verdade, é nisso mesmo que consiste a magia de estarmos aqui: Não saber!

Quando eu pensei que estivesse com tudo nos seus devidos lugares, pá pum! E agora eu acho que eu não quero mais nem saber onde são os devidos lugares das coisas todas. Eu não quero saber o jeito certo, o que é correto. Eu quero a vida, quero viver. Que ela venha do jeito que é para ser com os doces e os amargos que lhes são próprios e me deixe aprender, sorrir e crescer. Eu sei ser feliz em mim e com os meus! Eu sei!

sábado, 10 de abril de 2010

Sábado passado, no Amicis, acompanhada de gente que eu aprendi a amar, ouvi essa música como uma mensagem cifrada. Um sussurro de alguém lá de cima gritado por alguém daqui debaixo para que eu abrisse bem os olhos e colocasse tudo numa perspectiva melhor. E eu cantei alto e pulando. Eu cantei alto e me descabelando. Eu cantei alto para entrar nos ouvidos e no coração de vez. Sim, há problemas, é óbvio. Mesmo que nada tivesse acontecido no janeiro trágico, ainda assim haveria muitas pedras no caminho. Sim, há momentos de tristeza e lágrimas e saudade e dor... Sim, sim. Mas é bonita, é bonita e é bonita!

"EU FICO COM A PUREZA DA RESPOSTA DAS CRIANÇAS
É a vida, é bonita e é bonita...

Viver e não ter a vergonha de ser feliz
CANTAR E CANTAR E CANTAR
A BELEZA DE SER UM ETERNO APRENDIZ

Ah meu Deus!
EU SEI, EU SEI
QUE A VIDA DEVIA SER BEM MELHOR
E SERÁ
MAS ISSO NÃO IMPEDE QUE EU REPITA
É BONITA, É BONITA E É BONITA

E a vida!
E a vida o que é, diga lá, meu irmão?
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão
E a vida
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?

Há quem fale que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo.
Há quem fale que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor.

Você diz que é luxo e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer.

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte.

E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita!"

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ainda não

Para o fim de semana que está na porta e porque eu quero viver, muito!
Não é uma gripe, um joelho ralado.
Não é garganta inflamada.
Nem piolho.
Não é sinusite, otite, cansaço.
Não é o que passa com antibiótico, analgésico.
Picada de inseto, bicho-de-pé, dor de cabeça, não é.
É um desacerto, um desconforto, um desatino, uma dispersão..
A terra chama alguém pro chão.
Mas eu não, eu não...
Ainda não sei morrer.
Ainda não sei não.
(Viviane Mosé)

Hein?

O que se faz quando o coração teima em não entender o que cérebro processou? O que se faz quando o coração vai na contramão de qualquer pensamento razoável? O que se faz quando ele parece te puxar para um lugar em que você definitivamente não queria estar? O que se faz quando o queixo cai, o chão falta, e só se sente os solavancos que a vida, essa amiga traiçoeira, te preparou? O que se faz se, mesmo desconfiada, se confiou? O que se faz se, mesmo sem muita esperança, se esperou? O que se faz quando os fatos falam por si? O que se faz, hein?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Nadando

Depois de um naufrágio, não adianta eu ficar feliz com o céu azul e a água morna. Não adianta eu me agarrar à primeira tábua como se ela fosse a minha salvação. Não adianta eu achar que aquela prancha me levará para praia. Não adiante eu me fingir de morta e ficar boiando, à deriva no mar. Não adianta eu querer criar um lar em cima dos escombros do transatlântico. Não adianta eu ficar imaginando como seria bom se o os caquinhos se colassem por milagre. Não adianta nada eu gritar, chorar, espernear... Tudo isso vai ser perda de tempo e de energia, porderá custar-me a vida.

Eu tenho é que colocar os pequenos num escombro qualquer e fazer das minhas próprias pernas o motor da embarcação que nos retirará do meio do caos. Eu continuo nadando e sei que só poderei descansar quando chegar à terra de novo. O mais difícil é fazer esse percurso sozinha. Mas eu vou!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Cartas para você XI

Thi,

Em alguns dias a sensação de naufrágio vem, com força, me pondo para baixo, me empurrando alguns degraus abaixo na escada que me tira do fundo do poço. Às vezes, as lágrimas saem descontroladamente e rever as fotos da nossa história feliz é enfiar agulhas na carne viva. E eu me entrego ao sofrimento, eu me entrego às lembranças, eu me entrego à dor de ter perdido você. Eu giro dentro de mim à procura de respostas que sei que não vou encontrar, à procura de um significado que não me pertence, à procura de razões, de justificativas, de saídas... Eu me perco dentro da minha própria dor. Eu afundo, eu me afogo, eu me entorpeço. Eu saio de mim, eu deito no chão, eu me abandono, eu devaneio...

Mas uma hora eu volto, seco as lágrimas, lavo o rosto, escondo as olheiras e os inchaços, calço o salto e saio. Porque é preciso viver. Porque é preciso seguir. Porque é preciso encontrar motivos, ainda que mínimos: um sorriso arrancado, um abraço apertado, um telefonema inesperado, um coração estalando... É preciso, meu amor, e eu vou. Carrego comigo uma tristeza sem tamanho, dois pequenos seres humanos e uma vontade, que se agita a cada instante, de ser feliz.

Herdei seus sonhos, seus ideais, seus amigos, sua resolutividade, sua segurança e a certeza de que tudo vai dar certo. Herdei muito mais do que supus. Tive a felicidade de ter você na minha vida, a felicidade de termos construído uma família linda, a felicidade de amar e de ser amada intensamente, de viver uma vida de conto de fadas... Eu tive tudo, meu amor, por causa de você!

Amo você demais também!
Muito obrigada!

Moreninha


Quer transformar suas fotos em emoticons para o Messenger? Clique aqui e veja como.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Como uma marca

O feriado foi comprido, mas os dias passaram à jato. Eu resolvi sair de casa, eu resolvi me divertir, eu resolvi me permitir dançar e beber. Eu me permiti porque eu senti que era a hora. Havia a ausência ainda gritando ao redor. Havia a falta latejando. Mas os meninos estavam bem, a Lalá tava com a gente. Então, eu resolvi viver de novo.

Sair à noite é como rebobinar cinco ou seis anos do filme da minha vida. É voltar para um lugar já conhecido, mas esquecido dentro de mim. Sair à noite é achar a música legal, achar o ambiente legal, achar homens bonitos e interessantes e perceber que não era exatamente ali que você queria estar. Sair à noite é ter de ouvir de novo cantadas sem graça alguma; é conhecer pessoas que se preocupam exclusivamente com marcas e formas; é perceber a superficialidade das paixões e dos gostos; é um sentir-se inapropriado. Sim, inapropriado, não pertecente, inadequado. Foi assim para mim. Eu carregava a minha tristeza comigo e, aos outros, parecia uma carranca ou pedantismo ou, como diria um amigo, cudocismo. Mas não era. Era só a tristeza trágica.

Até que alguém resolveu investir na moça enfezada e eu vivi o momento emblemático da noite. Um rapaz de Brasília, com sua conversa mole, olhares de cima a baixo, músculos e sorrisos se aproximou, se apresentou, perguntou meu nome e foi puxando assunto:

- Mas me diz aí o que mais tem de bom para se fazer durante a Semana Santa em Fortaleza?
- Olha, eu não sei mesmo. Eu tava sem sair muito.
- Linda desse jeito sem sair?!?! Tava namorando, nera?
- Não!
- Fala a verdade! Tava namorando?!?!
- Não, eu não tava namorando.
- Pode dizer, linda!
- Eu tava casada.
- CASADA?!?!?!
- Sim.
- E separou?
- Não.
- Não separou? Continua casada?
- Também não.
- Como assim?
- Eu fiquei viúva.
- Por que é que toda mulher que se separa mata o marido, hein?
- Eu não matei. Ele morreu.
- Sei como é, o finado ex-marido... Todas são assim!
- Ele sofreu um acidente de carro.
- Hã? É sério mesmo? Você ficou viúva?!?!
- Sim!
- Poxa, foi mal mesmo! Foi mal, viu?
(E o rapaz se retirou)

Carregar a marca da tragédia na nossa história assusta as pessoas. Até que apareça alguém que não tenha medo de curar feridas, eu vou vivendo e rindo dos medrosos.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Só por hoje

Eu já falei inúmeras vezes aqui da falta, da ausência, da dor, da saudade, do luto, da carência... Eu já falei inúmeras vezes aqui das qualidades, dos olhos apertados, da covinha, do sorriso constante, da resolutividade... Eu já falei, eu já escrevi, eu já recontei, eu já relembrei... Já perdi as contas de quantas vezes eu senti de novo aquele frio na barriga ruim. Ruim porque revirava tudo, ruim porque me fazia passar mal, ruim porque me dobrava ao meio, de fazer fraquejar os joelhos. Já perdi as contas do quanto chorei, de quantas lágrimas caíram, de quantas vezes pensei que viver tem sido matar um leão a cada dia...

Mas hoje, só por hoje, eu não quero que nada disso me faça triste, me deixe infeliz, me apague ou me ofusque a luz que brilha ali na frente, na borda do poço. Eu não vou deixar que o peso que eu carrego seja maior que os 27 kg dos pequenos, porque a dor é do tamanho que a gente faz. Eu não vou deixar de olhar para frente com olhos de esperança, como ele ensinou. Eu não vou deixar de desejar viver de novo o amor, com essa mesma intensidade, com essa mesma pureza, com essa mesma entrega, porque eu mereço ser feliz. Eu não vou deixar de viver, eu não vou deixar de sorrir, eu não vou me deixar, não vou me abandonar em mim... Só por hoje!