quarta-feira, 5 de maio de 2010

Para as mães

Eu estava quebrando a cabeça sobre o que escrever hoje. Não que eu me sentisse obrigada a escrever. Não me sinto! É que são tantas as inquietações, as dores, as coisas que latejam em mim que eu simplesmente não conseguia me decidir. Aí eu recebi um email da minha mãe, que costuma entupir minha caixa de mensagens com arquivos .pps, mas que dessa vez acertou. O email continha o texto que segue abaixo e que se justificou pela proximidade do segundo domingo de maio e porque descreve essa sensação avassaladora da maternidade de uma maneira espetacular. Eu vou publicar aqui sem dar os créditos porque não sei quem é o autor (provavelmente, autora).

E só encerrando a questão, é bem isso mesmo. Depois que fui mãe, maio deixou de ser o meu mês de aniversário para ser meu mês de mãe e esposa (eu casei no dia do meu aniversário e o Thi vivia dizendo que não precisava me dar presente nenhum porque o maior presente de aniversário que eu poderia ter era ele ao meu lado mais um ano. Não é que ele tinha razão? Eu nem precisava de presente esse ano se ele estivesse aqui!)

Bom, eis o texto:

--- Em ter, 4/5/10, Idenilce maciel  escreveu:

De: Idenilce maciel
Assunto:
Para:
Data: Terça-feira, 4 de Maio de 2010, 20:43
  
Nós estávamos sentadas almoçando, quando minha filha casualmente menciona que ela e seu marido estão pensando em "começar uma família".
 
- Nós estamos fazendo uma pesquisa – ela diz, meio de brincadeira – Você acha que eu deveria ter um bebê?'
- Vai mudar a sua vida – eu digo, cuidadosamente mantendo meu tom neutro.
- Eu sei – ela diz – Nada de dormir até tarde nos finais de semana, nada de férias espontâneas...
 
Mas não foi nada disso que eu quis dizer. Eu olho para a minha filha, tentando decidir o que dizer a ela. Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender no curso de casais grávidos.
Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, MAS QUE TORNAR-SE MÃE DEIXARÁ UMA FERIDA EMOCIONAL TÃO EXPOSTA QUE ELA ESTARÁ PARA SEMPRE VULNERÁVEL.
 
Eu penso em alertá-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar "E se tivesse sido o MEU filho?". Que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar. Que quando ela vir fotos de crianças morrendo de fome, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer.
 
Olho para suas unhas com a manicure impecável, seu terno estiloso e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzi-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote. Que um grito urgente de "Mãe!" fará com que ela derrube um suflê na sua melhor louça sem hesitar nem por um instante.
 
Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos ela investiu em sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode conseguir uma escolinha, mas um belo dia ela entrará numa importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê. Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem.
 
Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina. Que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino ao invés do feminino no McDonald's se tornará um enorme dilema. Que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.
 
Não importa o quão assertiva ela seja no escritório, ela se questionará constantemente como mãe. Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que ela jamais se sentirá a mesma sobre si mesma. Que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho. Que ela a daria num segundo para salvar sua cria, mas que ela também começará a desejar por mais anos de vida – não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seus filhos realizarem os deles.
 
Eu quero que ela saiba que a cicatriz de uma cesárea ou estrias se tornarão medalhas de honra.
O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje ela acharia nada românticas.
 
Eu gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que ela sentirá com as mulheres que através da história tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados.
Eu espero que ela possa entender porque eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que eu me torno temporariamente insana quando eu discuto a ameaça da guerra nuclear para o futuro de meus filhos.
 
Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta. Eu quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Eu quero que ela prove a alegria que é tão real que chega a doer. O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.
 
- Você jamais se arrependerá – digo finalmente.
 
Então estico minha mão sobre a mesa, aperto a mão da minha filha e faço uma oração silenciosa por ela, e por mim, e por todas as mulheres meramente mortais que encontraram em seu caminho este que é o mais maravilhoso dos chamados. Este presente abençoado que é ser MÃE.


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10 comentários:

Idê Maciel disse...

hihihi Gostei!!! O autor desse texto que recebi e encaminhei para você é A.D. depois traduzirei, ok...???

Pamela disse...

Maravilhoso!!!!

Unknown disse...

ô coisa linda!
Tudo é incrivelmente verdade!

Kamyla disse...

Nossa Marcele, muito lindo esse texto... ainda bem q tem vc por aqui, pois se recebi por email em formato de apresentação, nem me dei o trabalho de abrir!!!!
Adorei.
Gde bjo.

Lu disse...

ai que lindo!
das melhores mensagens que já li sobre a arte de ser mãe.

cheguei por acaso e gostei!

=)

ANNA CAMILA disse...

Lindoooo!!!Ser Mãe realmente muda toda nossa vida! Bjus!

Idê Maciel disse...

Cele o texto rol na internet então é A(autor) D (desconhecido)... até que alguém s eapodere; Está em vários blogs além do teu. Mas quem me enviou foi uma amiga de escola...

Alê Crisóstomo disse...

Lindo!
Ter um filho muda tudo mesmo. Por dentro e por fora. Mas tudo para melhor, muito melhor. Acho que por mais independentes e modernas que sejamos, ser mãe é o que mais queremos e precisamos para nos sentirmos completas. Ter o Gabriel em minha vida foi a MELHOR coisa que já me aconteceu! É um amor sem tamanho, bem como ele diz: "te amo infinito e além!" hehehe

Izabel disse...

Essa tal de Idê é fogo...kkk,sempre acerta nos textos,apesar do AD...
Lindíssimo e real.
Mas...a maternidade...há essa dádiva,benção...que nos torna mais completas,mais mulheres,superiores;kkkk.Que nos enche de LUZ...que nos presenteia com algo forte,que só nós podemos sentir,uma avalanche de forças,que em muitos momentos de nossas vidas,é responsável pelo nosso levantar,reerguer,construir,reviver,viver,e reencontrar a velha FELICIDADE!
Meu beijo com um abraço gostoso para vc que é uma mãe tão dedicada,e que como eu uma geminiana de garra,de força...
Lute menina,não desista de seus sonhos.Maravilhoso seria,vc ter seu tão desejado presente para tocá-lo,mas sua ENERGIA está e estará SEMPRE ao seu lado.O amor verdadeiro desses pequenos,lhe acalentará o coração.

Control+Alt+ Del disse...

heheh obrigada por borrar minha maquiagem logo no começo do dia. E olha que nem mãe ainda eu sou.