Sofrimento me serve de equilíbrio. Emocionalizo o raciocínio, racionalizo a emoção. A escrita me escorre pelos dedos de acordo com minha necessidade de desassossego. Cavar-se fundo e provar de outros é como dependurar-se com meia dúzia de dedos num abismo com vista para o paraíso. Chacoalho o corpo como se a queda jamais fosse me acontecer. Vezes uns dedos me escapam, vezes me embriago com a beleza da vista. Dos ângulos que o corpo me permite virar, e dos outros tantos que a mente insiste, vejo violência daquele lado, mas há violência em mim, tanto quanto neles. Há de tudo um pouco, e percorro-me com passos cautelosos feitos os de um cego, logo me jogo inteira com toda a afoiteza de um leão. Prever-se é impossível. Remediar-se, sim, talvez, mas evito. Toda aparente loucura e dor é também uma capacidade. Capacito-me inteira, como se estivesse me vingando de mim mesma. Salvo-me, também, à medida em que escrevo. Quanto aos lábios calados e aos olhos atentos, não acredite. Por fora sou só disfarce.
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