Há tempos não escrevo sobre isso e minha aversão por religiões pode dar a alguns a impressão de que sou atéia ou algo assim. Que desprezo filosofias orientais e supertições. Declaro aqui: não é verdade. Já tentei ser atéia, na época da faculdade, porque chega mais ou menos essa época da vida a gente acha que é científico e esclarecido ser ateu. Quando tentei dar as costas a tudo e ser atéia, descobrir que não acreditar na existência de deus é fichinha. Deus é a parte mais simples. O problema é olhar para o mundo e achar que ele nos é indiferente, que cada coisa é resultado imediato apenas do que é lógico, aceitar as coisas tais como as vemos. Aí descobri que não sou e nunca poderia ser atéia. O meu mundo tem causas e efeitos desconhecidos, ele conspira em direções que eu não entendo. Tenho que me reconhecer como uma pessoa mística - a não ser que vocês ateus possam acreditar em feng shui.
(From: Caminhante diurno - link ao lado)
E aí, faz tempo que eu vinha pensando sobre as minhas concepções religiosas e sobre fé. Há tempos as coisas andavam meio confusas na minha cabeça. Ao mesmo tempo que existe em mim um lado prático, pragmático, racional e cético, eu descubro ser muito doloroso pensar como eu sempre pensei e não acreditar em nada. Era muito fácil dizer que não acreditava em vida após a morte quando não batia no meu peito essa esperança de que alguém estivesse do lado de lá. Era muito fácil dizer não haver um deus, nem alguém tomando conta de tudo, quando eu não precisava ter essa fé de que alguém que eu amei estivesse sendo bem cuidado em outro lugar, num plano não-físico. Era muito fácil não ter fé, não crer, não rezar, quando não havia essa dor.
Agora as coisas mudaram um pouco de figura. Continuo absolutamente aversa a todas as religiões. Pelo menos, àquelas com que tive o mínimo contato. Não consigo engolir o sapo da pregação de que aquilo que cada uma acha certo ser o único caminho, a única verdade. Continuo resistente a muitos conceitos e muitos estigmas, que, para mim, se revestem de moralidade frágil e preconceitos e machismo. Fato é que não consigo mais pensar em mim como uma pessoa que não crê em nada (pode chorar de felicidade, mãe!).
Sinto-me mais ou menos como descrito pela "Caminhante". Sinto que nem tudo está equilibrado sobre um argumento lógico irretorquível. Sinto que não consigo conceber argumentos plausíveis para tudo. Sinto que tem coisas que estão muito além daquilo que somos capazes de perceber, entender, assimilar. Sinto que existem certos arranjos que a inteligência humana simplesmente não alcança. Eu não alcanço. Sinto que a vida toma direções estranhas e até inverossímeis se analisadas apenas pela ótica da razão. E, diante dessa verdade que me salta aos olhos, eu envergo a cabeça e passo a acreditar na máxima que diz que há mais coisas entre o céu e a terra do que julga a nossa vã filosofia.
Eu não sei direito o que é, nem como isso aconteceu dentro de mim. Eu nem quero me aprofundar muito nesse assunto, nem ando pesquisando sobre religiões para escolher uma para mim. Eu não sei em que pé estou em relação a tudo isso. Eu não sei explicar em que matiz de cor, variando entre a beata e a atéia, eu estou nesse momento. Eu sei que não estou nos extremos. Sinto que essa transformação aconteceu em mim e, depois do texto colado acima, eu precisei refletir um pouco mais. É só isso.
"Eu cansei de ser assim
Não posso mais levar
Se tudo é tão ruim
Por onde eu devo ir?
A vida vai seguir
Ninguém vai reparar
Aqui neste lugar
Eu acho que acabou
Mas vou cantar
Pra não cair
Fingindo ser alguém
Que vive assim de bem
Eu não sei por onde foi
Só resta eu me entregar
Cansei de procurar
O pouco que sobrou
Eu tinha algum amor
Eu era bem melhor
Mas tudo deu um nó
E a vida se perdeu
Se existe Deus em agonia
Manda essa cavalaria
Que hoje a fé
Me abandonou
Ver, por onde você for
Cansei de procurar
Não posso mais te dar
O pouco que sobrou
Carrego seu amor
Até não conseguir
Mas hoje eu me senti
Dobrando devagar
Tentei chorar
O seu perdão
Mas não ouvi
Sinal, será?
Isso é o meu mal
Deus, proteja um filho teu
Não deixa o mal ganhar
Por onde se esconder
Enquanto o céu tá aí
E a chave não abriu
E a estrada se acabou
E a ponte não achou
Pra lá desse lugar
Eu vou tentar
Por mais um dia
Manda essa cavalaria
Que hoje a fé
Me abandonou"
(O pouco que sobrou - Marcelo Camelo)
Não posso mais levar
Se tudo é tão ruim
Por onde eu devo ir?
A vida vai seguir
Ninguém vai reparar
Aqui neste lugar
Eu acho que acabou
Mas vou cantar
Pra não cair
Fingindo ser alguém
Que vive assim de bem
Eu não sei por onde foi
Só resta eu me entregar
Cansei de procurar
O pouco que sobrou
Eu tinha algum amor
Eu era bem melhor
Mas tudo deu um nó
E a vida se perdeu
Se existe Deus em agonia
Manda essa cavalaria
Que hoje a fé
Me abandonou
Ver, por onde você for
Cansei de procurar
Não posso mais te dar
O pouco que sobrou
Carrego seu amor
Até não conseguir
Mas hoje eu me senti
Dobrando devagar
Tentei chorar
O seu perdão
Mas não ouvi
Sinal, será?
Isso é o meu mal
Deus, proteja um filho teu
Não deixa o mal ganhar
Por onde se esconder
Enquanto o céu tá aí
E a chave não abriu
E a estrada se acabou
E a ponte não achou
Pra lá desse lugar
Eu vou tentar
Por mais um dia
Manda essa cavalaria
Que hoje a fé
Me abandonou"
7 comentários:
Poxa
Eu n tenho uma fé, mas não tenho uma religião mto claramente definida. Acho que Deus é mais que um conjunto de regras morais (ou amorais).
Nossa que texto lindo, quanto ao titulo do seu blog. Uma bela frase: "A vida inteira só querendo ser feliz e ela não desiste."
Parabéns, boa tarde,
Bjo
Não só a sua mãe está pulando de felicidade ao ler esse texto! Eu tô aqui aumentando o coro! :))
Poxa Marcele...
Vc nem me conhece né... mas se eu tivesse alguma abertura, juro que te faria um convite e te pediria uma chance de tentar te fazer ver as coisas um pouquinho diferentes...
De qualquer forma estou aqui, e te digo que tenho experimentado dia após dia acontecimentos que, não duvido, fazem parte de um plano perfeito, e de acaso, não tem nada.
Gostaria mto de poder te conhecer melhor. Se desejar, me adiciona no msn.
marianabrizeno@hotmail.com
Força sempre.
Mari
ADOREEEEEEEEI!
Não sou sua mamy...mas você me enche de orgulho!
Isso é que é presente para o dia das mães!
Parabéns vovó Idê!!!kkkk
Bjokas moreninha.
Luz e paz SEMPRE!
Marcele, gostei do seu post. Não se preocupe, vc não precisa forçar nada, não precisa ir atrás de uma religião. O que eu lhe desejo é que vc venha a crer em Deus, crer que ele a ama e quer sempre o seu bem, que ele não é o culpado pelas mazelas do mundo, nem pelas suas, nem de ninguém. Não antipatize Deus por causa das religiões. Aliás, não confunda Deus com religião. Esta última é criação dos homens e, ainda que de boa-fé, sempre trará falhas, enganos. É natural do ser humano. Jesus nunca pregou religião. Ele mesmo disse que a lei suprema se resumia nisto: amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Ou seja, buscar viver o amor, o bem, a paz. Simples assim. Não determinou exclusões de qualquer ordem. Deus é extremamente superior a qualquer religião, pq ele é ilimitado, ao passo que as religiões, com suas doutrinas agregadas de exclusivismo, são limitadas. Beijos e tudo de bom, querida.
Oi, Marcele! Nossa, esperei tanto por um post como este vindo de vc. Tô MUITO feliz com o que li, viu? Tb estou no time da sua mãe...rsrsrrs Não importa se vc não se identifica com uma religião, mas é preciso acreditar na existência de um Deus que está acima de tudo e de todos. As pessoas, em um momento doloroso da vida, costuma perguntar: "que Deus é esse que permite tamanha tragédia?" Acontece que Deus não interfere no livre arbítrio. Todos podem fazer o que quiser, acreditar no que quiser. Deus não aprisiona, mas liberta, Marcele. Saber que o Espírito Santo habita em nós e está sempre disponível para nos ouvir e consolar faz toda a diferença. Experimente fazer da oração um hábito. Conversar com Deus e falar sobre nossas dores, amarguras, alegrias e esperanças nos fortalece diante dos desafios da vida. Dessa forma, vc descobrirá o verdadeiro poder da oração.
Muuuuuuuuuuito feliz por vc!!
Raquel Duarte
Postar um comentário