terça-feira, 4 de novembro de 2008

FINITO

Um dia, foi assim: As palavras nunca foram (nem serão) suficientes para dizer o quanto as pessoas são especiais. A mim, aparentam sempre limitadas, sempre ficam aquém do que realmente se quer dizer. ELE é aquele para quem sempre corri no desespero, na dor, na hora da choradeira e na da gargalhada também. ELE é aquele que me entende, me anima, me dá auto-estima, me faz sorrir. ELE é alguém em quem posso confiar, alguém que sei que estará presente em minha vida apesar de qualquer coisa, seja a distância de um oceano, sejam as ocupações, seja a falta de tempo... Sei que, mesmo que anos se passem sem que nos falemos, no momento em que nossos olhares se cruzarem, tudo será como sempre foi, sorriríamos, nos abraçaríamos e contaríamos todas as histórias de nossas vidas como se nunca tivéssemos nos distanciado.

Hoje simplesmente não é mais. E eu acreditei com força que era tudo pra sempre, uma amizade inquebrantável, para além das confusões sentimentais em que nos metíamos, para além da compreensão humana como tantas vezes disse. Achei mesmo que havia eternidade no efêmero, que haveria continuidade apesar de tantos "apesares de". Eu me enganei, redondamente, integralmente e inconsequentemente. Fui capaz de bradar para tantos a veracidade da relação, a legitimidade do meu bem querer, a reciprocidade do sentimento, a sinceridade fraternal, a responsabilidade com que lidávamos com sentimentos alheios e a similitude de posturas e pensamentos que nos unia. Eu bati o pé não sei nem quantas vezes para defender o que eu achava ser extremamente importante. E era, mas só pra mim. Para o outro, era descartável. Vi, embasbacada, ele fazer comigo o que fizera com tantas outras relações: cortar o vínculo. Vi o tratamento impessoal, a frieza, a distância, e, ato contínuo, o profundo descaso com algo que achei ser precioso.

Que me sirva de desabafo e para a convicção da finitude do que pensei eterno.

5 comentários:

Brisa Dalilla disse...

E eu ate esqueci de te avisar que coloquei o texto l'a no entojo.. Falha minha. Mas sim, gostei muito de seus textos. O que a gente escreve despretensiosamente fica melhor do que a gente pensa. Vou te adicionar nos favoitos, ok? Beijos

C.L. disse...

Ow, Marcele..torço para que esse texto não seja real, de verdade. Já passei por isso tal e qual você descreveu tão bem em seu texto. Mais de uma vez. Sofri muito. Mentiria se dissesse que, hoje, são indiferentes para mim. Mas realmente não consigo imaginá-los de novo em minha vida; não encaixa mais, sabe?
Uma pena.
Beijos!

Tu sabe quem é, né??

Anônimo disse...

Mas mãe nunca se engana... pode usar as palavras de forma inadequadas e ditas "erradas" pelos filhos, mas mãe põe o olho no sujeito e vê, antevê, lá no fundo daquele olhar que se esconde atras de grossa (ou finas) lentes e percebe quão volátil é a tal "eternidade" do sentimento... Menina, embora você não admita, nem reconheça: mãe tem pré-sentimento e não pré-conceito. Lamento pela dor da descoberta e pela dedicação fraterna não correspondida... Bjs

Barreirinha disse...

Donde andas?? Nunca mais teve post!

Mulher da Peste disse...

Já criei uma coleção de decepções exatamente assim. Triste coleção, no mínimo.