domingo, 31 de maio de 2009

Mais sobre ela

Saudade é querer estar perto de quem não está. é querer ouvir a voz, dividir a piada, sentir o calor ou os lábios. saudade é sentir falta de quem tá aqui dentro, tão entranhado que, quando ausente, fica um buraco. saudade é sentir quão profundo é o sentimento que nos une a outrem, é saber que a vida ao lado de quem nos faz falta é sempre mais doce. saudade é o negativo absoluto, não ter, não saber, não ver, não dividir... saudade é um sentimento crônico e até silencioso, que fica ali no peito disfarçado, mineirinho; mas que, num segundo, explode e se torna lancinante. saudade é perceber que algo aqueceu o coração e elevou a alma e tudo que se quer mais é voltar para esse aconchego.

Sobre maternidade

Depois que se tem filhos a vida realmente muda. Não se trata apenas de brinquedo espalhado pela casa, no corredor, no sofá, embaixo da cama... Não é apenas a correria pra continuar a vida de antes com uma obrigação a mais. Não é só pelo fato de que a gente não consegue mais ficar sozinha, nem consegue dirigir ouvindo bem alto a música preferida porque aquela criança não pára de falar "manhê, o que é isso que eu estou vendo com meus olhinhos?". A gente muda também. A gente passa a ter outras prioridades, a gente deixa de ser o que é pra ser pai/mãe. Assim, acordar cedo no fim de semana é legal porque dá pegar uma praia com sol bom. Restaurante bom é aquele que tem playground. Tarde de compras, nunca mais!

Eu ouvi essa semana que você precisa estar preparado para ter um filho, psicologicamente praparado. Mas eu acho que não. Eu não estava, eu não planejei, eu não calculei. Filho, ainda que chegando de surpresa, é uma força avalassadora. Ele chega, chegando e vira a vida pelo avesso. Se preparados os pais, ótimo! Se não, se vira nos 30!

Eu tenho me virado. Tateando como cabra cega essa saga de educar meninos, de fazer deles pessoas melhores do que eu sou, honestos, capazes, seguros... Espero que dê certo. Mas tenho em mente sempre duas coisas: faço o melhor que posso e não depende só de mim! Com isso, consegui mandar a culpa, fiel companheira de todas as mães, pro inferno. Afinal, um dia, serei mãe de adultos e eu não quero que minha vida se desintegre quando eles não estiverem mais sob minhas asas.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Carro e Maria Mariana

Sabe, é difícil ter duas crianças pequenas. Destas que ainda usam fraldas, mamadeiras e chupetas. Elas demandam atenção, dinheiro e um monte de buginganga que você tem que carregar aonde quer que vá. Por isso, eu e o Thi decidimos trocar um dos carros da gente por um sedan, com um porta-malas que coubesse direitinho o carrinho de bebê e as sacolas...

Hoje de manhã, quando estávamos na garagem, o Matheus parou na traseira do meu carro, o tal sedan, um voyage, e disse:

- olha, mamãe, eu sei ler!
- sabe mesmo?
- sei ó: vê, ó, vê, a, gê e é. CARRO! ÊÊÊÊ!!!!

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Eu não sei se alguém leu, eu não sei onde começou, eu só sei que nesse mundo internético só se fala de Maria Mariana, a reacionária mulher da vez. Até então largada ao ostracismo, ela resolveu lançar um livro: "Confissões de mãe". Neste, defende como Lei coisas que se aplicam apenas e tão somente à experiência pessoal dela. Afirma que uma mulher só é completa se for mãe e que mãe boa é a que faz parto normal, entre tantas outras estapafúrdias idéias oriundas de uma pessoa que só pode estar querendo justificar sua opção em se tornar "do lar". Li algumas entrevistas dela (TPM e época), concordo que a gente precisa estar perto dos filhos, mas nunca viveria em função deles e para meu marido!

Quem quiser saber mais, taca no google que aparece.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Aniversário

Quando eu era criança, eu achava que uma pessoa de 27 anos, já tinha quase 30 e, portanto, era uma pessoa de meia idade. Uma velha!

Quando eu era criança, eu achava que devia ser muito legal ter 27 anos e poder morar sozinha, ter seu próprio carro e seu próprio dinheiro.

Quando eu era criança, eu achava que meu 27º aniversário ainda demoraria um século pra acontecer, mas ele já chegou, É AMANHÃ!

Descubro que, aos 27 anos, não vivi nem metade da vida que tenho por viver, não moro (nem morei e, muito provavelmente, não vou morar) sozinha e, pior de tudo, eu ainda nem consegui deixar de ser criança!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O do lado direito da cama

Ele dorme sempre do lado direito da cama, desde que a gente descobriu que esse lado era mais ventilado, mas é o primeiro a acordar nos dias úteis. Ele sempre me acorda com um monte de beijos no pescoço e dá bom dia ao meu mau humor matinal, como quem já está plenamente adaptado. Ele pega as crianças no quarto ao lado e pede que juntos eles matem a mamãe (eu) de beijos. Ele sempre toma banho primeiro e me chama de bicho preguiça quando sai do banheiro. Ao nos despedirmos, ele sempre me beija. E sempre tem um "Amo você bem grandão" ao final dos emails que me manda cotidianamente. Se ele vem almoçar em casa, os meninos ficam em polvorosa com a presença dele e quase não fazem a sesta. E, no fim do dia, enquanto eu corro na esteira, ele mantém nosso bebê acordado pra que eu possa fazê-lo dormir. Depois de tudo, é no peito dele que deito meus dilemas e, em seu ombro, choro meus problemas. É pra ele que conto meus maiores sucessos e com ele divido minhas piores derrotas. É do lado dele que descubro que sou uma mulher já, com casa, marido e filhos. E, nos meus momentos de insegurança, é pra ele a minha primeira ligação. A gente divide um amor sobre-humano por dois pequenos e um bem persistente, inevitável e maduro um pelo outro. Ele, muitas vezes, fala uma língua que eu não entendo, mas a gente sempre se entende quando deixamos que nossos corações se pronunciem. O vínculo que nos une está muito além do anel no dedo da mão esquerda. Tenho certeza que ao final da minha rotina diária, é do lado dele onde quero estar e espero que assim ainda seja no final das nossas vidas.

domingo, 17 de maio de 2009

Sobre as minhas surpresas

Decidir ter um filho é um ato de coragem. Eu não escolhi ser mãe, eu me tornei uma. Eu não tive tempo de desejar, mas adorei a missão. A cada dia, me encanto mais com a tarefa, com os encargos e com as inúmeras satisfações. Concordo com quem diz que são muitos os transtornos, mas a recompensa... Essa, sim, não tem preço! Se tivesse planejado certinho, esperado a estabilidade financeira, a pessoa certa, o casamento, talvez nada tivesse acontecido como aconteceu. Mas tô aqui, às vésperas do 27º aniversário, com dois meninos pequenos correndo pela casa, a pessoa certa do lado direito da cama e feliz.

Há pouco mais de 3 anos, num exame ginecológico de rotina (ao qual fui sozinha e sem levar celular), fui avisada que estava grávida de poucas semanas. Na época, eu tinha um rolo com um ex-namorado que jamais tinha saído da minha vida, eu estava no último semestre da faculdade e planejava a majestosa festa de formatura, ganhava menos de R$ 1.000,00 por mês e, apesar do susto, eu nem sei porque, fiquei feliz.

Voltei pra casa com a sensação de que aquela poderia ser uma das poucas oportunidades de ser mãe na vida, uma vez que eu tinha um histórico de problemas ovarianos. Nem pensei no que minha mãe, minhas tias fofoqueiras, o pai do bebê, meu próprio pai poderiam dizer ou pensar. Eu teria meu filho!

A surpresa de saber que seria mãe não foi menor que a surpresa de ver que o ex-namorado queria ficar com a gente e que a minha mãe (que achava que iria morrer antes de conhecer os netos) ficou feliz com a notícia. Assim, em dois meses, eu tava morando num apartamento espaçoso, com o pai dos meus filhos. No dia do meu baile de formatura, usava um longo vermelho e carregava uma barriga de quase 7 meses de gravidez.

Antes mesmo do Matheus completar um ano, o Thi - meu marido - já queria outro filho. Em dezembro de 2007, prometi que engravidaríamos novamente em 2008. E exatamente 2 anos depois do primeiro susto, no dia 20/02/2008, descobri que estava grávida novamente. A surpresa veio do fato de ter parado o anticoncepcional há um mÊs apenas.

De tudo isso, a lição que tirei é que a gente não controla a nossa própria vida. Não dá pra planejar certinho nem calcular matematicamente o futuro. Aprendi que aquilo que é pormenorizadamente planejado tem uma tendência muito maior a dar errado. Já dizia Joseph Climber que a vida é uma caixinha de surpresas. Tenho certeza de que as surpresas que me foram reservadas foram as melhores possíveis. E que venham outras, mais surpreendentes e ainda mais felizes!

UPDATE: A gente vai casar ano que vem! As crianças serão os pajens!!!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sobre mudanças

Eu olho para o mundo e não vejo mais o mesmo lugar. As pessoas mudaram ao meu redor. Tá todo mundo mais ranzinza, mais impaciente, mais autoritário e mais prepotente. As coisas mudaram ao meu redor.

Há 20 anos Fortaleza tinha ares provincianos e não tinha esses milhões de carros engarrafando as ruas e ensurdecendo ouvidos. Não havia tantos ônibus, nem tantas placas e outdoors... Eu era uma criança tranquila que pintava arco-íris e conversava até cansar com minha mãe, tinha uma coleção de barbies e adorava banho de piscina. Eu não sabia o que era política nem religião. Eu era feliz.

Há 10 anos eu andava de ônibus e me achava independente por isto. Eu tinha tantos amigos que havia aniversários a comemorar diariamente. Eu tinha um diário, no qual escrevia histórias e amores e músicas e datas importantes. Eu tinha turma no colégio, no prédio, na academia de dança... Eu dançava muito, na semana inclusive. Eu vivia as minhas primeiras vezes de tudo e tinha uma ânsia absurda pela liberdade. Eu era comunista e atéia. Eu era feliz.

Há 5 anos eu já não andava mais de ônibus e tinha a perspectiva de um futuro muito maneiro pela frente. Eu achava que tudo estava resolvido desde o resultado do vestibular. Eu tinha uma turma animadíssima na faculdade. Não havia um final de semana sequer desperdiçado em casa. E eu dançava todo final de semana e bebia. Tinha não sei nem quantos pretês e causava nas festas. Já não eram as primeiras, mas com certeza eram as melhores vezes de tudo e eu já tinha liberdade suficiente para ser, opinar, viajar... Eu era socislista e atéia. Eu era feliz.

Hoje eu tenho um carro em meu nome, um apartamento no meu nome, eu tenho uma certidão de casamento e duas de nascimento, nestas meu nome consta como MÃE. O futuro ainda é incerto, mas o presente é brilhante. Muitos amigos queridos continuam a fazer parte da minha vida, mas principalmente por meios virtuais. Todos os fins de semanas são aproveitados em festinhas que começam às 6 e terminam às 10 e, nas quais, eu não bebo; mas chego em casa exaurida. Raramente, danço. Mas tenho toda a liberdade pra fazer o que quiser (não tenho é dinheiro). Sou dona do meu próprio nariz. Sou capitalista, consumista, atéia e enormemente feliz.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Tá, eu sei, eu não posso reclamar da vida. Eu sei, eu sei que tenho casa, comida, roupa lavada, dois filhos lindos e saudáveis, um marido que vive jurando amor eterno (mesmo eu gorda, quadrada, cheia de celulite), um emprego estável, um salário razoável... Eu sei ttambém que tá todo mundo bem na família, tá todo mundo com saúde, tá todo mundo aí no mundo...

Mas é que de vez em quando ela vem. Vem sem avisar, sem dizer a que veio. Aparece num dia qualquer, sem que eu possa me armar contra ela. Ela vem e me invade e eu fico assim, sem ter como reagir, só querendo que ela vá embora pra que eu possa voltar a sorrir, a brincar com as crianças, a curtir meu marido... Ela vem me mostrando que eu ando só, que meus amigos moram longe, que eu nem cheguei perto dos planos que fiz pra mim, mesmo tendo mais que sempre tive. Ela vem com o dedo na cara pra deixar claro que eu tô gorda e que preciso fechar a boca, mas me deixa morrendo de vontade de me cabar de fast food! Ela vem pra dizer que eu preciso voltar a estudar e fazer planos profissionais, mas me deixa com vontade de hibernar por anos. Ela vem pra dizer que eu não sou tão feliz assim!

Eu sei que ela vai embora quando um certo dia 22 chegar e a idade aumentar... Mas enquanto isso, mood unhappy-desperate-down on!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Resignação

Um dia, ele vai amar outra mulher. Um dia ele vai piscar os olhos, o caração vai bater descompassado e ele não vai conseguir controlar a vontade de estar perto da outra em todos os momentos. Um dia, ele vai trocar o cotidiano comigo para construir uma vida com ela. A despeito do meu ciúme, um dia, inevitavelmente, ele me deixará, com lágrimas nos olhos, arrumará sua mala e sairá pela porta da frente da minha casa.

Enquanto esse dia não chega, meu coração transborda em saber que eu sou a mulher da vida dele, a única pra quem ele diz "eu te amo muito", pra quem um sorrisão se abre ao me ver dançando feito louca... Sim, eu sou a única que deita na sua cama todas as noites e consegue fazê-lo ter sonhos tranquilos. Sou eu que faço suas dores passarem com beijinhos e são pra mim seus abraços mais carinhosos. Eu só não consigo controlar minha emoção quando ele me chama de mamãe nem quando ele abre um sorrisão incrível ao me ver chegar do trabalho.

um dia eu não serei mais a única, mas agora resigno-me e aproveito a exclusividade.

Amo demais meus pequenos!

domingo, 3 de maio de 2009

Resta UM

Mais um domingo como outro qualquer, não fosse este o dia 03/05. A data teria passado despercebida, não fosse o orkut a me lembrar do aniversário. Talvez por ser o aniversário, a data de ontem foi escolhida para o casamento. Sabe como é, né? casamento, coisa corriqueira e sem importância, para o qual a presença dos amigos mais próximos pode ser dispensada. Eu sei, eu sou irônica... O problema é que eu ainda não consigo entender porque a excluída do rol de amigos próximos fui eu. Menos compreensível se torna porque a recíproca não é verdadeira, porque eu ainda espero o telefonema dizendo que estará na cidade nos próximos dias, espero o convite para o sorvete no fim de tarde ou para aquela padaria de tantos debates... Espero mesmo!

Só queria poder dar-lhe um abraço, desejar-lhe um futuro bom e doce (como diria Caio F.), parabenizá-lo pelo casório recém-oficializado... Mas não poderei! Eu fui excluída do rol de amigos... Eu fui o resta um...