segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sobre os meus amigos

São poucos, mas preciosos. São poucos e representam aquilo que garimpei ao longo da vida. São o pouco que restou de fases por que passei e escapei ilesa, digo ilesa porque eram muitas as possibilidades para mim e também para cada um deles. Mas conseguimos nos reter, conseguimos que o vínculo fosse mantido apesar de. São poucos, eu sei, mas passaram comigo pelo vexame da banguelice da frente e pela felicidade da maternidade. São poucos, mas numa variedade de jeitos e tipos suficiente para que eu nunca me sinta sozinha no mundo e que me sinta pertencente.

Com eles, posso dividir, cantos, contas, contos, causos; planos, projetos, prosas, prazos; trincas, intrigas, futricas, titicas; receitas, recados, risadas e raios; ápices e declives; bares, boates, boatos; cozinhas, camas, mesas e banhos... Com eles, descobri que fui uma criança feliz, uma adolescente espevitada e revolucionária e me tornei uma mulher tranqüila, madura, consumista e metida a burguesa. Ao lado deles, vivi minha vidinha cotidiana no esquema escola-cinema-cursodeinglês-televisão; no esquema faculdade-estágio-bar-praia e no esquema trabalho-casa-trabalho. Com eles, aprendi a caminhar com minhas próprias pernas; a dar todas as voltas por cima que se fizerem necessárias; a entender que há quem puxe o tapete e há quem estenda mão e há quem bata a porta na cara e há quem abras as janelas e há quem descarte e há quem enalteça.

Eu só consigo concluir que quando se trata de amizade verdadeira não há hiato. O vínculo não se dissolve e permanece sólido apesar da geografia, da falta de tempo, do corre-corre da vida moderna, dos relacionamentos, da falta de telefonemas, das ausências justificadas ou não... Não há descaminho, mágoa, razão que fira a relação porque o que importa mesmo é o apreço, a admiração e o bem-querer reciprocamente apresentados. É claro que haverá desentendimento, desencontro, desespero, lágrimas, quem sabe... Mas depois dos pingos nos is, tudo volta ser como sempre foi, a conversa flui e a risada frouxa retoma seu lugar e a sensação de se estar à vontade, de poder dizer o que se quer, de compreensão toma seu assento.

É, eu tenho poucos, bons e bem garimpados amigos. É clichê e breguíssimo, eu admito, mas eles são como uma família para mim. Meu sentimento é muitas vezes (na maioria delas) muito bem disfarçado numa força que não possuo, mas preciso dizer que não há necessidade de expressão, de manifestações hiperbólicas, nem de declarações de amor. O que me faz amiga de vocês é saber que estaremos juntos mais uma vez, assim que possível e que neste reencontro seremos ainda os mesmos e dividiremos nossas histórias como se o tempo não tivesse corrido tanto.

Feliz dia do amigo!

4 comentários:

eurídice disse...

que lindo, querida, este post. aodrei. beijos e vou estar mandando boas vibrações no dia do extreme makeover, viu? beijos.

Anônimo disse...

um beijo, curu feio, lindo o texto!
bom ter uma amiga como você :D

Ju Bizarria

Idê Maciel disse...

Minha princess ou como diria o genro amado, minha baronesa... nisso também somos parecida, quando você é amiga... É MESMO! bjs

f. disse...

é isso, má, um vínculo que não se dissolve.
bom sabado, querida.
beijos
fal