segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cartas para você XXII

Thi,

Um ano se passou desde aquele dia de janeiro trágico. Um ano sem seu coração bater no mundo. Um ano sem sua presença. Um ano sem ver o sorriso mais lindo que eu já vi. Um ano inteiro: todas datas, todas as comemorações, todos os momentos sem você. Confesso que, para mim, ainda é muito difícil acreditar que você se foi. Olhos suas fotos na nossa casa e me pergunto como pode um cara tão bacana não estar mais aqui. Eu me pergunto, Thi; eu não me conformo. Por isso mesmo, na maior parte do tempo, eu prefiro não pensar muito. Concentro-me nas tarefas e obrigações imediatas, nos nossos pequenos (grandão e gorducho, para você), concentro-me no dia a dia e vou.

Sabe, mozinho, não foi fácil estar sem você até agora. A vida é outra e eu também me tornei outra pessoa. Muita gente me diz isso, que é incrível perceber a mudança em mim depois desse ano. E nem sei até que ponto isso é bom. De alguma forma, eu sinto falta da minha superficialidade, da minha leveza, da minha alegria, da minha ausência de preocupações de antes. Era leve, era fácil, era seguro... Mas enfim, a gente faz o que dá pra ser feito, né? Eu continuo tentando daqui.

Preciso contar que adoro receber suas "visitas" sorrateiras. Eu sinto você e acho que esse foi seu jeito de dar um jeito da gente se "encontrar". Eu sei que você sabe que outros mecanismos não funcionariam com a descrente aqui, com a "incréu", como diria a mamãe. E é bom sentir que, de algum modo, o seu amor chega até mim e, através de mim, até eles. Suas visitas me devolvem uma certa convicção de que você permanece ao nosso lado, que cuida da gente do jeito que dá e que assiste o desenvolver dos nossos pequenos. Espero que seja mesmo isso e não apenas fruto dos desejos do meu inconsciente irresignado com a sua partida.

Sempre que eu sinto você por perto, a vontade que eu tenho é de não abrir os olhos, é tentar impedir o desvanecer do intangível. Sabe criança segurando firme e com três voltas na mão um balão de gás para que ele não voe embora? Sou eu! Eu quero segurar a sensação da sua presença, segurar a visão e ouvir sua voz e conversar com você... Eu queria perguntar tanta coisa, mozinho, mas eu num consigo, nunca me lembro. Espero que você esteja feliz com o que temos aprontado aqui e que haja uma razão plausível para tudo isso e, mais que tudo, que essa razão tenha trazido a conformação de que você precisa, porque eu sei que a mesma revolta que me assolou o peito deve ter assolado o seu.

Mozinho, acho que a hora é de se despedir das lágrimas, da dor, do luto, da sensação de vida partida, de ferida aberta... Você concordaria com isso. Quero ser feliz, meu amor, do mesmo jeito que fomos juntos. Do mesmo jeito que sabíamos, como diz a Izabel, ser e fazer. Foi muito, muito, muito mais que maravilhoso ter você na minha vida. Foi muito lindo o que a gente viveu. E eu tenho certeza de que eu nunca vou me esquecer disso tudo e, quando a vida me parecer injusta, eu vou tentar lembrar do brilho do seu olhar quando olhava para a família que somos.

Eu sei que você vai me ajudar em tudo e, por isso, eu sei que vou conseguir.

Amo você demais e para sempre!

Moreninha.

6 comentários:

Felicidade vem em 1º... disse...

Eu tinha certeza que iria ler esse post em algum momento. Avante guerreira Marcele, o mundo te espera!

Abraços.

Priscila disse...

Quanta força! já li toda a história, me emocionei bastante, até pq eu também chamo meu 'mor' de Ti.
E vejo que o blog a faz trabalhar muito bem todos os sentimentos. Boa sorte!

Mirys Segalla disse...

Cele, Cele:

Estava fora da net, ate agora de madrugada... mas consegui um computador!!!
E estava louca para ver como voce estava, senhorita.
Que bom que esta bem!!!
Ou no melhor que poderia estar.

Bjos e bencaos.
Bjos pros meninos, dos meus meninos.

Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com

Van disse...

Olá, Marcele, será que você lembra de mim? Sou amiga da Aluska, nos encontramos durante uma viagem que fizemos a Fortaleza há alguns anos. Vi você no facebook dela e te adicionei a acabei caindo no seu blog. Confesso que enchi os olhos d'água ao ler o post e apesar de nem saber do que se tratava eu senti a sua história. E hoje o que importa é saber que você está bem, com o que restou de tudo, que é muito mais do que você podia imaginar. Parabéns pela força.
Um beijo.

Vanessa

Raquel M.B.G. disse...

Oi Marcele, esse mundo cibernético é mesmo interessante. De longe, te digo: sua história é e será ainda mais linda, você é uma inspiração para o mundo e certamente: VOCÊ SERÁ MUITO FELIZ! De uma ex-descrente que está descobrindo um novo poder... abraços e muito prazer! Raquel
www.bomsensoemformadegente.blogspot.com

Izabel disse...

Bom saber que de algum modo,o que dizemos e escrevemos,fica em seu coração,apesar de muitas vezes cheio de dor e saudades...
Nunca esqueça que o exemplo de AMOR verdadeiro,da família de propaganda de margarina,como você mesma dizia...foi e é,LUZ na vida de muitos!
O AMOR será ETERNAMENTE lindo e verdadeiro,nos frutos que crescem e nos encantam... e a família...é o alicerce da vida...e ele,o MAIOR exemplo de que a família era tudo!
Meu beijo nesse coração LINDO e minhas ORAÇÕES SEMPRE!!!