quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pensamentos imperfeitos - replay

Faz muito tempo, eu escrevi o texto abaixo e mandei para ele por email. A resposta dele representa exatamente o que eu disse sobre a desculpa inescapável para ficarmos juntos. Era isso que ele queria antes mesmo de saber da grande notícia. Eu descobri que estava grávida do Matheus no dia 20/02/2006, quase duas semanas depois de receber essa resposta dele.
 
Eis o texto e abaixo a resposta:
 

Pensamentos Imperfeitos

E, de repente, me veio essa vontade incômoda e insistente de te dizer essas coisas que pairam na minha cabeça, que permeiam meus pensamentos cotidianos. E, de repente, me veio essa necessidade estranha e indecifrável de falar acerca das coisas que me fazem lembrar, agora, que aqui dentro existe um coração que transborda de sentimento – e eu não sabia. E, de repente, me vi aqui, outlook aberto, a página em branco, essas teclas a minha frente e eu simplesmente sem saber o que dizer. Com a prolixidade e a falta de objetividade que me são comuns, tento (em vão?) te contar sobre o amor que explode em mim, que me faz ver as coisas de um modo diferente, que me move e me modifica, me transforma e me faz mulher. Fico tentando te contar que preciso do teu amor também, não que ele seja condição para a minha felicidade, não que ele seja a razão do meu viver, não que somente ao teu lado poderei ser feliz... Não que eu ache isso. Não acho! Mas preciso do teu amor como para a sensação de tranquilidade, para o sentimento de paz, para a alegria verdadeira, para o conforto seguro, para (como diria o muso Caio Fernando Abreu) que seja doce... Preciso do teu amor da exata maneira que ele me é recusado: infinito, incondicional, sem astúcias, sem desconfianças, sem cobranças, sem obrigações... Preciso do teu amor leve, fortuito, fiel, inesperado e surpreendente como me foi ofertado once. Sim, preciso do teu amor, aquele mesmo que preencheu tantos dias e que atravessou três voltas da Terra em torno do sol. Não sei mais por quantas provas finais, com peso dois, terei que passar. Não sei mais quantas vezes terei que fechar os olhos, respirar fundo e contar até 814, umas trinta e cinco vezes. Não sei quantas vezes sentirei meu coração se despedaçando a ponto de me faltar ar. Não sei quantas lágrimas ainda escorrerão. Não sei. O fato é que por este amor que escorre, pos este sentimento que explode, tudo mais parece demasiado pequeno. Tudo mais parece incrivelmente irrisório. É decisão, da qual não arredo pé! É convicção, é certeza, é resolução, é promessa de fim de ano, é projeto de vida. Eu passo pelo que tiver de passar, eu faço o que tiver de ser feito, eu aguento o que puder aguentar para confirmar o que eu sempre soube: que eu sei que vou te amar por toda minha vida.
 
De: Thiago Castro [mailto:thicamo@bol.com.br]
Enviada em: terça-feira, 7 de fevereiro de 2006 16:28
Para: Marcele Alencar
Assunto: Re: Pensamentos imperfeitos

Ai, morena!

E imagina o tamanho da minha surpresa ao ver esse seu email...
Tenho certeza de que o amor que sinto hoje por você é totalmente diferente daquele que lhe guiou por três voltas da Terra ao Sol, mas tenho também a convicção de que você também está dentro dos meus planos: se hoje quero fazer Residência Médica em Porto Alegre, São Paulo, Oiapoque, Chuí, sei lá... é com você que quero estar. É com você que quero construir algo que residência nenhuma me dará: uma família.
Mas hoje em dia algo novo também me surge: a infelicidade em ter de te dizer isso sempre... talvez por trauma, por sofrimento antigo, sei lá... acho que isso deve ser percebido e o simples de fato de dizer isso vai de encontro a toda demonstração e percepção que você deva ter...
Enfim, desculpa toda a dureza, tudo o que falo (pra não deixar transparecer nada mais que a verdade), o jeito novo (e talvez estranho) com que lido com esse seu amor tão bem percebido por mim, mas tenho também a absoluta certeza de que tudo isso irá se acalmar...
Antes eu pensava: mas ainda passaremos por tantas dificuldades... hoje me veio à mente: já estamos passando por dificuldades... e até então estamos sabendo passar por tudo isso, apesar do sofrimento...

Também te amo Morena, mas tenho que estudar...

Thi Castro


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6 comentários:

Unknown disse...

ele me mandou esse email na época e essas palavras dele, quanto a assumir que estava sempre sendo duro por medo de sofrer,era exatamente o que eu dizia a ele...me arrepiei lendo isso e lembrando....bjos linda

Idê Maciel disse...

Filha querida... felizes os que conhecem o amor. Felizes os que têm por quem chorar. Felizes os amores que produziram frutos, pois têm por quem e para quem viver, construir e amar. Seja forte... Você é uma pessoa feliz que passa por um momento dificil de dor e tristeza. Mas os sorrisos que alimentaram sua felicidade até agora, continuarão alimentando para sempre, o SEU sempre!
Hoje fiz uma leitura completa no "aberta ao mundo" Quanta poesia linda que vc escreveu lá...quantas palavras de vida e proféticas também.Estou aqui... Amo você, filha, sempre e incondicionalmente.

Izabel disse...

Faço minhas as palavras de sua sábia mãe.
Nesse momento nebuloso tudo está difícil,incerto,doído...
Mas ESSE AMOR verdadeiro,bem vivido,é previlégio querida.Existem pessoas que passam uma vida inteira e não têem a felicidade de viver algo tão rico,tão feliz.
Vc vai encontrar nos frutos desse amor,toda a sua paz.Como guerreira que é,e como sempre lutou por sua felicidade,vai encontrar forças,e vai voltar a sorrir,gargalhar,sonhar...
Seu Thi era louco pelo seu sorriso,lembre sempre disso.

Nika Lauda disse...

Não eziste palavras mais fortes e verdadeiras que a de sua mãe. eu não conheci o amor de vcs, mas pude perceber da missa de 7º dia a mensagem que o Thiago tinha feito pra vc, e percebi que o amor de vcs é uma "amor alem da vida"...

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

(Corrigindo...)
Lembrei agora de uma conversa que tivemos na faculdade em que você me falou dessa certeza absoluta que tinha de que vocês iam ficar juntos, de que era pra valer, ainda que ele às vezes dissesse que não. E lembro que na época eu pensei "nossa, quanta convicção, quanta certeza!"; o pensamento deveria ter sido "nossa, quanto amor!".