quinta-feira, 2 de setembro de 2010

As duas e a felicidade

Algumas pessoas que me conhecem na vida real e que leem o blog têm me dito que parece que existem duas marcele. Uma que conseguiu superar o pior momento da vida e continua a sorrir e bater perna por aí e a andar serelepe e fagueira e a falar demais, gesticulando muito... E uma outra ainda abatida, ainda arrastando correntes, ainda dolorida e sofrida e triste e deprimida até... É verdade. É tudo verdade. Existem MESMO duas em mim. Duas pessoas que se revezam. Na maior parte do tempo, estou bem, inteira, pronta pra encarar a vida, sorrindo pelo mundo e vendo beleza nas coisas. Todavia, há momentos de solidão, de saudade, de dor, de lágrimas. Eles são minoria, mas são agudos. Eles me derrubam por um momento e depois ocorre o clichê levanta-sacode-a-poeira-dá-a-volta-por-cima.

Eu sei que para alguém que passou pelo que passei - da maneira como foi, inesperada, abrupta, um susto; estar em pé já é uma vitória. Mas eu tirei forças de num sei onde, eu procurei encontrar motivos para seguir em frente, eu procurei focar num futuro em que não doesse tanto, correr de encontro a ele, correr daquele sofrimento... Eu fugi do que me causava dor, eu fugi de pensamentos recorrentes e das saudades. Eu fugi mesmo sem querer, me concentrando na burocracia, na papelada, no dia-a-dia... Eu segui em frente pensando num dia de cada vez, me concentrando no que fosse bom, nas pequenas alegrias e focando na tentativa de causar o menor trauma possível aos meus pequenos.

Esse intento, de diminuir o tamanho do trauma, fez com que eu dilacerasse minha alma muitas vezes. Eu mantive as rotinas em casa, eu permaneci no mesmo apartamento que morávamos, eu continuei indo aos mesmos locais, levando-os nos cantos onde o pai ia e brincava com eles. Eu fiz de tudo para que eles entendessem que, mesmo com esta ausência enorme e dolorida, a gente conseguiria ainda brincar e sorrir e viver. Muitas vezes, o simples fato de estar nestes ambientes sem o Thiago já me era pesado demais. Mesmo assim, eu ia. Eu tinha que. Por eles. Depois desses momentos, a marcele-deprimida reaparecia e me fazia escrever e escrever e escrever... Essa foi a forma que eu encontrei de extravazar a dor, de secar a alma e de deixar o choro correr. Em seguida, a outra tomava conta do meu corpo, porque este sempre lhe pertenceu, e eu voltava para o lado da força.

Todas estas atitudes não foram pensadas. Eu agi com meu instinto de mulher e de mãe. Mas eu sei hoje que fiz bem. E sei disso porque travei o seguinte diálogo com o Matheus, ontem à noite, e tudo fez todo sentido:

EU: Matheus, quem é a pessoa que você mais ama no mundo???
MATHEUS: É você, mamãe!
EU: Que coisa muito linda!!! E depois da mamãe?
MATHEUS: O Thomás!
EU: E o papai?
MATHEUS: Ah, eu também amo muito o papai!
EU: Eu também, meu amor! Eu tenho tanta saudade dele...
MATHEUS: Eu também tenho tanta saudade dele, mamãe. Mas eu tenho saudade e sou muito feliz!

9 comentários:

Flávia disse...

Lindo o Matheus,Cele! :-)

Anônimo disse...

As crianças ensinam muito e por elas que a gente, nós, mães, nos tornamos maduras. E a força amiga (permita-me chamar assim), vem delas. Solamente, delas. Sou mãe e tb aguento por ele, simplesmente pelo meu pequeno.

@tioago disse...

Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada...

E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou... (2x)

Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada...

E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou...

E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou...

Yeah! Han!
Caminho do Sol, eh!
Lá lararará!
Caminho do Sol, eh!...

E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou...

E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou... (3x)

Lá lararará, lararará
É pra lá
É pra lá que eu vou
Lá lararará, lararará
Aonde eu vou?
Aonde tenha Sol
É pra lá que eu vou
Lá lararará, lararará
É pra lá
É pra lá que eu vou
Lá lararará, lararará
É pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou
Lá lararará, lararará...

Roberto disse...

Encontrei o seu blog por acaso navegando na net.Como Fortal é um ovo certamente devemos ter alguns amigos em comum.Você escreve muito bem e me passou coisas muito boas com a sua história. Sei que serei clichê, mas acredito que a única lógica da vida é o crescimento (em todos os planos). Verdade é que a felicidade nada ensina e são esses momentos de dor que nos fazem crescer.Acho que você se mostrou muito forte e com uma maturidade espantosa pra passar por tudo isso! Será muito feliz, vislumbro coisas maravilhosas no seu horizonte !!! Torço por vc!!!

Adriana ,Sofya e Emanuelle disse...

Que lindo Ma, que lindo!

Muitas vezes eu olho para minhas pequenas e descubro de onde me vem a força pra enfrentar minha vida..
É a maternidade amiga!

bjs


to sempre por aqui

Adriana disse...

Nossa, que lindo!
Parabéns pela força!

Karla disse...

Lindo, lindo... me emociono sempre com suas postagens.

E pode ter certeza que esse seu pequeno Matheus será um grande homem e seu fiel companheiro.


Abraço,

Alê Crisóstomo disse...

Tem horas em que as lágrimas são inevitáveis... que vontade de dar um super abraço no Matheus!! Ele é muito lindo!! Bjo, bjo, bjo!

Anônimo disse...

isso tinha mesmo que vir do Matheus!
Narinha