terça-feira, 2 de novembro de 2010

Feriado

O feriado de hoje é feito para lembrar, homenagear e rezar para aqueles que já partiram. Para mim, sempre foi um feriado como outro qualquer. Dia de não ir para a escola, dia de não ter trabalho. Até o ano passado, poucas pessoas haviam partido. Uma avó aos 3 anos; outra, aos 6; um avô que vi apenas uma vez na vida; alguns parentes com quem não convivi muito; um ou outro parente sem muito contato; um tio querido; e uma vizinha que era como se fosse da família, mas que foi tão maltratada pela doença que a morte me chegou como um alívio para tanto sofrimento.

Mas agora é diferente. Eu perdi parte do que eu era numa curva da estrada. Eu perdi metade do meu mundo, este mesmo que está sendo reconstrruído com diferentes rostos e diferentes formatos. No feriado de hoje, eu tenho quem lembrar, homenagear e por quem rezar. Mas o fato é que eu não sinto o feriado diferente. Não sinto como se fosse um finado a mais no meio daquela multidão que está sob o lugar onde as sombras são compridas. Não sinto isso porque ele é parte de mim, ele é o que eu sou e ele vive aqui, nas minhas atitudes, nas minhas escolhas, no sorriso dos pequenos. Ele é. Talvez por isso, seja tão difícil conjugar verbos no passado.

Eu não sei, mas não senti necessidade alguma de ir até lá. Porque essa data não muda em nada o que eu sinto, nem essa saudade, nem essa dor que insiste doer, nem diminui a ferida que insiste em sangrar (abundantemente, vezenquando). O meu dia de finados é diário. O meu dia de finados é rotina. O meu dia de finados é constante. E as preces e lembranças também são. É mais um feriado como outro qualquer.

2 comentários:

Afrodite disse...

Não serei hipócrita de dizer que isso acabará.Doerá menos,mas deixar de doer?Acho que nunca,enquanto lembranças existirem!Mesmo que seja pouquinho...
Mas que vc tenha um dia de descanso e lembre apenas dos bons momentos juntos!
Esses sim valem a pena!
Beijo!

Tatiana Lambert disse...

Ai Marcele... eu não tenho um finado, mas a dor de por fim a um relacionamento de 2 anos e 5 meses, que na minha cabeça caminhava para o altar, tem a mesma definição: diária, cotidiana, rotineira.