quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O caminho

Quando eu estava mais perdida, eu me encantei por um caminho e resolvi percorrê-lo, arriscar para ver onde ia dar. Eu recebi os sinais, eu fiz um mapa mentalmente, eu busquei orientação na minha própria experiência e na minha bússola interior, eu segui os instintos que me impulsionam e saí correndo por ele. Quando eu achei que estava chegando em algum lugar, disseram para mim que o caminho que eu deveria seguir não era aquele, que eu havia pegado a estrada errada, que por mais encantador que fosse não era o caminho pra mim. Senti-me analfabeta, grogue, louca, estabanada e impulsiva. Então, pedi ajuda, expus meu raciocínio e mostrei meu sentimento, ouvi para andar para o outro lado, para voltar todo o caminho que percorri. "Engate a ré!", foi o que escutei. E eu me perdi de novo, sem entender nada, sensação de que enfiei os pés pelas mãos e que essa minha urgência em encontrar o meu lugar estava me turvando a visão. Disse, então, para mim mesma que deve ser um lento caminhar, um passo de cada vez, like baby steps, muito embora a vontade aqui seja de engatar a quinta marcha. Disse que o importante é o caminho, porque chegar em algum lugar é meio inevitável quando se está caminhando. Voltei correndo ao marco zero, meio despedaçada e triste por ter percorrido tanto em erro, respirei fundo e comecei tudo de novo, prestando atenção às placas e aos sinais, lendo atentamente o mapa e as orientações, seguindo de novo a minha bússola interior, calma e tranquila, e acabei por chegar no mesmo lugar em que eu estive antes. Mais uma vez. E aí, eu fico aqui me perguntando se eu sou tão estúpida assim, por fazer todo esse caminho duas vezes, por acreditar nas orientações mais irracionais, e nos conselhos daqueles que me disseram que o caminho não deveria ser aquele, por não confiar em mim, no que vejo e no que sinto, e, principalmente, por não bradar aos quatro cantos o que me parece óbvio e ninguém percebeu. É claro que eu só poderia bater aqui, é óbvio que não dava para terminar em outro lugar percorrendo o mesmo caminho, com esse mapa e com esses sinais. É impossível não chegar aqui, pouco importa se você vem correndo ou apreciando a paisagem. O lugar de chegada é exatamente o mesmo. Eu só queria que dessa vez as portas fossem abertas e que me deixassem ficar.

4 comentários:

Ana disse...

É a minha primeira visita ao seu blog e eu adorei o texto!!! Muito profundo.

Algumas vezes me sinto assim também. Costumo repetir para mim mesma: quando fazemos sempre as mesmas escolhas e seguimos o mesmo caminho, o resutado sempre será o mesmo. Para colher novos resultados é necessário fazer novas escolhas!

Não é fácil, mas é assim!

Cele disse...

Interpretem como quiserem... Se fosse pra todo mundo entender, eu não teria usado metáforas. Digamos que nem eu mesma sei o que eu quis dizer.

Ana disse...

Cele, desculpe por invadir teu espaço e se interpretei de alguma forma que não devia. Foi a primeira vez que entrei no seu blog e gostei do texto, gostei ainda mais por ver que vc é de Fortaleza, cidade que eu amo e que mora a família do meu marido.
Desculpa qualquer coisa e fica com Deus.

MIrys disse...

Oi amiga!

Sei exatamente o que quis dizer... e sei que você também sabe...

Mas, nessas nossas crises de viúvas precoces, äs vezes, as coisas são assim mesmo: tão óbvias e certas, num instante e tão pequenas e irrelevantes e duvidosas, no minuto seguinte.

Bjos e bencãos.

Mirys - www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com

OBS: mesmo em Barca, as criancas não param de falar "mãmi, eu queria o pápa!". O que fazer???