Na semana em que o pior de todos os dias faz aniversário, a dor se torna inescapável. Todas as técnicas desenvolvidas ao longo do último ano para fugir do que dói parecem imprestáveis. Tudo lembra, tudo machuca, tudo traz lágrimas aos olhos, desde o dedão bolotinha do pé do Matheus (igualzinho ao dele) até a mãozinha que eu tenho dado a uma amiga que acabou de se tornar mãe (o que me faz lembrar da segurança que eu tinha em casa). Tudo, absolutamente tudo que acontece me remete a alguma coisa que era ele ou dele. É como se meu inconsciente me dissesse que não, que nunca, que jamais essa dor vai sair de mim. Até quando eu durmo as lembranças me aparecem em sonhos e eu acordo chorando. Eu penso em outras coisas, eu escuto músicas de que ele não gostava, eu saio de casa, eu leio, converso com as pessoas e, no fundo - e na superfície também, a dor está. Fica tudo mais latente, mais sensível, mais carente e o que eu não consigo conter dentro explode em lágrimas para fora de mim. De repente, eu me pego chorando com uma música que tocou no rádio, que nem fazia sucesso quando ele estava vivo. Eu me pego chorando na frente do computador, enquanto desabafo via MSN sobre o meu medo dessa semana abalar meu psicológico profundamente. Eu me vejo chorando ao telefone, enquanto converso com quem quer me fazer me sentir melhor. Eu choro me fazendo questionamentos superados de "como? por quê?". Eu choro tentando barganhar com a vida na minha mente, dizendo que eu toparia até não ter mais, até que não fosse mais meu marido, que se tornasse um sacana comigo, desde que ele continuasse vivo para o mundo, para os pequenos. Eu só não consigo chorar com pessoas ao meu redor. Nesses momentos, eu aguento o tranco, engulo seco e então volto ao meu reduto banheiro-toalha-na-boca-madrugada quando o solavanco é maior que minha força. Choro até que as lágrimas sequem e acabo dormindo pesado e acordando com os olhos inchados da noite anterior. Seria tudo mais fácil se não, seria tudo mais simples, mais leve... Mas pensar no impossível não resolve meus problemas. E eu choro e penso que é só uma semana, é só o dia vinte do janeiro trágico fazendo aniversário, é só mais um pouquinho, é só dessa vez... Eu sofro e vem gente me arrancar sorrisos e dizer que está comigo... Eu sofro e, embora sem ele, eu não fiquei sozinha, como eu disse no velório dele que ficaria. Mas é que nessa semana, eu sofro e me sinto só de novo e não há mesmo como escapar dessa sensação.
* Missa de Um Ano de Morte de Thiago Castro:
Quinta-feira, 20 de janeiro de 2011, às 20h
Igreja N. Sra. Dos Remédios
Av. Da Universidade, 2974 - Benfica
(Quase em frente à Reitoria - UFC, vizinho ao Hospital Mira y Lopez)
Um comentário:
Viva mais essa fase...e acredite...
VAI PASSAR!!!
ELE,e ele,estão em alerta...iluminando seus caminhos,protegendo os pequenos,te enchendo ainda mais de AMOR...amor a vida,às pessoas...a fonte inesgotável da vida,que é responsável por essa força que não sabemos de onde vem...mas que nos faz levantar e prosseguir!
Você é o MAIOR EXEMPLO DISSO!
Bjokas no coração!
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