terça-feira, 1 de março de 2011

Muito do que eu sou

Ela é a mãe mais filha que eu conheço, vivemos continuamente, eu e a Manu (minha irmã) tentando chamá-la à razão. E a Manu cuida de tudo, leva a casa nas costas, porque ela é aérea demais. Acho que cansou de ser responsável, depois que todo mundo cresceu e resolveu relaxar. Ela faz perguntas absurdamente indevidas a pessoas estranhas, a pessoas conhecidas e a pessoas íntimas. Ela conta toda a história da vida para os vendedores das lojas de sapatos (e não efetiva a compra!). Ela é curiosa demais, bisbilhota papéis, internet, redes sociais, correspondências. Ela quer ser amiga de todos os nossos amigos. Ela quer participar de cada mínimo acontecimento e se mete em todas as conversas. Ela perde hooooras do dia jogando cartas online ou na fazenda do orkut, e acha que isso é compromisso importante. Ela escreve um blog também. Ela tem orkut, facebook e MSN. Um amigo me diz que ela é uma cyber mãe.

Ela tem uma fé inabalável e eu tenho fé na vida, fé nos homens e fé no que virá, como diz a letra da canção. Acho que as letras sejam uma paixão herdada geneticamente. Acho que a espontaneidade pra falar de sentimentos também é arquivo genético, além dessa explosão de carência que vezenquando me acomete. Tenho certeza de que há muito aqui do que vi, ouvi, senti  e instrospectei dessa convivência e dessas lições. Sei também do coração que bate cheio de orgulho ao me ver ser exatamente do jeito que eu sou, sem poréns, sem apesares. Percebo o amor que transborda nos pequenos. Eu sei de tudo isso e muito mais.

Depois que eu cresci, percebo a influência que a personalidade dela teve na moldura da minha. Percebo que cada característica que salta aos olhos em mim está relacionada à contra-mão do que salta aos olhos nela. Percebo a negativa do espelho e entendo cada percalço e leão e montanha que fez ser exatamente o que é. Não foi fácil carregar três pequenos. Não foi fácil tornar gente o que era pedra bruta. Não foi fácil fazer de nós o que somos: humanos, solidários, honestos, gente do/de bem. A maior lição que eu tiro desses quase vinte e nove anos de convivência é exatamente o que me manteve de pé no pior de todos os momentos: é preciso seguir em frente a despeito de todas as coisas e é importante ser sincero consigo e com os outros.

E aí, entendo perfeitamente que não importa grana, bens, viagens, emprego, festa. Entendo que não é preciso grandes feitos, grandes realizações, grandes conquistas. Entendo que não é preciso viajar o mundo todo, subir ao topo do Everest, vencer uma corrida internacional, fazer parte do primeiro escalão de qualquer coisa. Importa mesmo é ter quem a gente quer bem assim perto, assim ao redor. Entendo que o importante é ver alegria em simplesmente viver e ter saúde. E não se trata de conformismo, comodidade, estagnação. É apenas uma forma de encarar o mundo, a vida, com leveza e simplicidade, segurando no que é mais firme, quando no olho do furacão, e protegendo o que vale mais.

Sei que eu só cheguei aqui por causa de você, porque foi você que acreditou em mim em cada um dos desafios do meu caminho, foi você que apostou quando o mundo disse não, foi você que confiou quando eu achei que não fosse ser capaz e muito da minha força, da minha garra, da minha fortaleza, da minha capacidade de superação e da minha resiliência veio das lições que eu recebi dentro de casa. Não foi fácil e nem sempre será doce, mas estamos juntos, vivos, saudáveis e tocando em frente. Você é o cerne disso tudo, mãe.

Parabéns por todos estes anos de vida (não vou dizer quantos, né?)!!!

5 comentários:

Idê Maciel disse...

Por que não, filha?
Estou super feliz hoje e não tenho vergonha dos meus 62... ah vida linda! Dificil, dura, mas sobretudo dom de MEU DEUS que eu curto e quero curtir por pelo menos mais meio século (com saúde e fé!)Leia meu blog hoje, please!

Marina Bueno disse...

Você é uma mulher doce e rara, Marcele. Meus parabéns a sua mãe pelo aniversário e pela linda filha! Um beijo!

Anônimo disse...

Lindo Lindooo Lindoooo!!!! Linda homenagem para sua mãe, Marcele!!!
Parabéns pra Ela e muitas felicidades pra todos vcs!!!

Abração, Weidi:)

Mirys Segalla disse...

Dona Idê (um dia, quero muito conhecê-la e poder chamar-lhe de "tia", como faço com a mãe de todos os meus amigos, até hoje)

FELIZ ANIVERSÁRIO!!!

Que Deus te abençõe muitíssimo e lhe conceda muitos outros anos, cheios de saúde, de garra, de netos, de sorrisos, de histórias para contar.

Bjos e bençãos.
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com

Idê Maciel disse...

Mirys,
Não seja por isso... desde já pod eme chamar de tia... Ja leu meu blog?! olha ai do lado nos blogs que a Cele, lê. bjim