quinta-feira, 7 de abril de 2011

Republico

sexta-feira, 21 de agosto de 2009


É a sensação, enfim, de estar completo

A gente passa a vida inteira procurando esta sensação de plenitude, de completude, de felicidade. A gente vive essa ânsia e esse desconforto. A gente busca em outras coisas a razão de ser, o motivo para estar aqui. A gente pensa em virar mesas, em mudar o mundo, em causas sociais, em religiões, em filosofias, em política... A gente busca, a gente procura, a gente revira cada pedra do moinho e cada acontecimento marcante a fim de descobrir para que e o porquê de estar aqui nesse mundo louco e árido e cruel e injusto e violento. A gente cai nas histórias mal contadas. A gente dá cem vezes com a porta na cara. A gente bate a cabeça na parede com gosto de gás. A gente afoga magoas, entorna garrafas, usa drogas pesadas... E o vazio continua lá.

Até que um dia, num exame de rotina, quando menos se esperava, quando você estava mais abarrotada de coisas pra fazer, quando seu celular tinha descarregado, quando você nem mais acreditava que era possível, quando não era o melhor momento, quando você absolutamente não tinha planejado nada, você recebe a notícia de um médico desconhecido: "Parabéns, Doutora! A senhora está grávida!".

Depois do susto, depois do medo, depois do parto, depois de anos, você descobre que era para isso, era essa a razão de ser, era isso que você procurava. Não sei precisar o momento certo em que essa epifania ocorre. Não sei se à primeira vista, ao primeiro choro, na primeira noite insone, quando o sorriso dele mostra o reconhecimento desse laço infinito ou se quando ele expressa o amor que sente em gestos diminutos como seu tamanho. Não sei. A Ivete diz que agora já sabe, eu prefiro um poema do Pedro Lyra que me traduz:

Soneto do Amor Nascendo

Começa.
É a própria vida que começa
(ou recomeça)
ao talhe de um clarão.

E raia
esplende
espalha-se no mundo
como se nunca mais fosse apagar-se.

Tudo realça além do seu sentido.
O ser encontra em outro a sua razão.
Agora é desfrutar
conter o tempo
entre os dedos
os lábios
ou as coxas.

Só para isso vale ter nascido.

Tudo que nos faltava nos acorre
num desafio

num toque
num sussurro
que o outro retribui
maravilhado.

É a sensação, enfim, de estar completo
num mundo que, afinal, se justifica.

2 comentários:

Mirys Segalla disse...

Amore!!!

Amanhã tem blogagem coletiva jus-ta-men-te sobre isso! Sobre maternidade!!!

Veja como participar (http://diariodos3mosqueteiros.blogspot.com/2011/04/maternidade-real-blogagem-coletiva.html) e vamos nessa com a gente!!! TJ é TJ, sempre!

Bjos e bençãos.
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com

L@N disse...

Ainda não tinha lido...

Como sempre flor lindo o texto.

Beijos no coração

L@N