sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Caio F. autor da minha vida II

"Somos todos imortais. Teoricamente imortais, claro. Hipocritamente imortais. Porque nunca consideramos a morte como uma possibilidade cotidiana, feito perder a hora no trabalho ou cortar-se fazendo a barba, por exemplo. Na nossa cabeça, a morte não acontece como pode acontecer de eu discar um número telefônico e, ao invés de alguém atender, dar sinal de ocupado. A morte, fantasticamente, deveria ser precedida de certo 'clima', certa 'preparação'. Certa 'grandeza'. Deve ser por isso que fico (ficamos todos, acho) tão abalado quando, sem nenhuma preparação, ela acontece de repente. E então o espanto e o desamparo, a incompreensão também, invadem a suposta ordem inabalável do arrumado (e por isso mesmo 'eterno') cotidiano. A morte de alguém conhecido e/ou amado estupra essa precária arrumação, essa falsa eternidade. A morte e o amor. Porque o amor, como a morte, também existe – e da mesma forma, dissimulada. Por trás, inaparente. Mas tão poderoso que, da mesma forma que a morte – pois o amor também é uma espécie de morte (a morte da solidão, a morte do ego trancado, indivisível, furiosa e egoisticamente incomunicável) – nos desarma. O acontecer do amor e da morte desmascaram nossa patética fragilidade."

(Caio Fernando Abreu)



Um comentário:

Anônimo disse...

eu sabia que isto era armação dessa moça,olha o outro blog que ela tem com a foto de perfil,só que ao invés de assinar como Anne,ela assina como Verajane.

http://verajane-santana.blogspot.com/

Inclusive quem está linkada nos amigos dela é a mesma amiga Amanda Braga de Belém,que também está pedindo dinheiro neste blog aqui:

http://mundodaflorzinha.blogspot.com/