Estou relendo Caio Fernando Abreu. Todos os meus livros, na exata ordem em que li da primeira vez, empilhados no criado-mudo do lado direito da cama. Estou relendo Caio Fernando Abreu e sentindo de novo as punhaladas que seus escritos me causam, a precisão com que ele fala da minha vida, a forma metafórica e viciante de falar de sentimentos. Queria ser enigmática como ele é, queria dar vazão ao que lateja como ele faz. Queria conseguir ser profunda e reflexiva como os escritos dele. Em muitas passagens, ele conta a minha vida. Eis aqui mais uma:
"Observei o que antes chamara de ausência sobre a cama, e percebi que meu corpo ainda humano sentia na carne a falta das descargas elétricas de seus dedos, mas que em meu cérebro estranhos circuitos geravam suas próprias imagens e sua memória e sua mitologia e que eu dispunha de mim como se fosse meu próprio dono e que se meu corpo ainda humano sofria fomes e ausências esse cérebro guardava todas as coisas não mais como um álbum de retratos mas como partes integrantes e integradas de mim mesmo. Não sentia mais sua ausência porque eu também era ausência. Não me sentia sozinho nem desorientado porque sabia que se não era ao mesmo tempo todas as outras pessoas e todas as coisas havia pelo menos alguns que haviam sido também escolhidos e que nos encontraríamos e que talvez já nos tivéssemos encontrado e que nosso caminho a princípio escuro era o mesmo. Soube para sempre que ele não voltaria. E que não tinha me abandonado." (Caio Fernando Abreu, Iniciação in: O Ovo Apunhalado, p. 117).
Um comentário:
Cele:
Quem é esse moço?
Quais livros ele escreveu???
Já tinha visto que o pessoal da blogesfera é apaixonado por ele, mas nem sabia que tinha livros publicados (porque eu sou novata de blogs... comecei com o diário e só).
Bjos e bençãos.
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com
OBS: os postais chegaram? Os dos meninos também?
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