terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Eu poderia estar varando o mundo e as madrugadas e inebriando corpo e mente com experiência fugidias e superficiais. Eu sei que eu poderia estar correndo riscos e sobrevivendo de maneira insana, leviana. Eu sei que eu poderia recorrer ao auxílio de tarjas pretas para fugir da dor, para sair do ar, para suportar. Eu sei que eu poderia estar encontrando válvulas de escapes e saídas tangenciais. Eu bem poderia viver mudando de braços e de abraços a cada noite. Eu poderia ainda resolver desistir da vida e me entregar à solidão. Eu poderia também pirar, vestir a fantasia mais colorida da insanidade e  deixar a razão me abandonar. Mas não. Eu estou aqui vestindo a roupa da razão, com as armas do equilíbrio e apoiada na coerência. É claro que me desequilibro vez em quando, mas eu vou em frente e antecipo o futuro colorido que me aguarda bem ali.

Eu sei que eu poderia estar falando alto ou gritando
Soltando a minha voz aguda e rouca pelo ar
E sei que poderia agora estar cantando
Mostrando a todos como é bela a minha dor

Confesso entretanto que sou incapaz
De anunciar assim o que eu sinto
Prefiro esperar sozinha por você
Pois só você entende o que eu digo

Eu bem que poderia freqüentar todos os bares
Tentando exorcizar um pouco o que sofri
Andar de mesa em mesa
Tropeçando e bebendo
Chorando e contando a minha triste história
A quem quisesse ouvir

Confesso entretanto que sou incapaz
De jogar fora assim as minhas lágrimas
Prefiro dormir sozinha no quarto
Talvez eu esteja bem melhor ao acordar

Não pense que é covardia
É apenas timidez
Só me serve a sua companhia

Eu sei que eu poderia estar vivendo um romance
Escrevendo a cada dia uma página da minha futura biografia
E até que poderia também tentar o suicídio
E assim saciar a sede de sangue da humanidade

Confesso entretanto que sou incapaz
De exibir assim minhas marcas nos jornais
Prefiro deixar o tempo passar
Quebrando uns pratos até você chegar


 Não pense que é covardia
É apenas timidez
Só me serve a sua companhia
(Timidez - Kid abelha)

4 comentários:

Anônimo disse...

Lindo!

Bj!

Anônimo disse...

Marcele,
tenho 18 anos e já a sigo há muito tempo (acho que já li tudo o que colocou neste seu cantinho) aqui do Porto, Portugal. Foi impossível não ficar presa à sua história e ir embora sem ter a certeza de um final feliz (agora eu tenho a certeza). Muitas coisas me fizeram pensar e ainda hoje fazem.

Volta e meia, venho ver "como estão as coisas" :)
Queria que soubesse. Como eu há muita gente... que a acompanha mesmo sem a Marcele saber :)

Continue caminhando. Até porque não há outro jeito :p
(estive sempre a torcer :)

Beijinho

Cele disse...

Cara anônima,

Fico muito feliz mesmo de receber comentários como este seu. Saber que aqui e além-mar tem jeito torcendo por mim e mandando boas energias para que minha vida entre nos eixos. Eu também já acho que vai haver um final feliz e que ele está mais perto que imagino. Eu também acredito que a ferida se fecha e que a gente segue com a experiência e com as boas lembranças. É já já! Muito obrigada por tudo.

Anônimo disse...

Nem mais, eu também acredito que sim!
Obrigada eu pelo que vai partilhando (e por me ter respondido). Sempre se tira alguma lição, som, riso, qualquer tipo de emoção! Foi por isso que simpatizei logo com este "lugar". Acho mesmo que não há outro melhor para onde se ir, Marcele :)(tendo em conta o nome do blog)

Ah, eu chamo-me Maria João.
Beijinho. Fique bem e os seus meninos também :)